Saúde Mental

O que é Doença Mental?

Doença mental é um distúrbio que causa distúrbios brandos a graves no pensamento, percepção, humor ou comportamento. Se estes distúrbios afetarem significativamente a capacidade de uma pessoa enfrentar as exigências e rotinas da vida, então essa pessoa deve buscar tratamento com um profissional de saúde mental imediatamente. Com cuidado e tratamento adequados, a pessoa pode se recuperar e voltar às suas atividades normais.

Quais são algumas Concepções Erradas Sobre Doença mental?

Algumas concepções erradas mais comuns sobre a doença mental são de que resultam de falhas morais, fraqueza pessoal ou a falta de vontade. Outra concepção errada é que indivíduos com doença mental são perigosos ou violentos. Tais crenças podem explicar porque somente um terço dos indivíduos com distúrbios mentais diagnosticáveis buscam auxílio profissional. Na realidade, distúrbios mentais são doenças reais que reagem a tratamento de saúde mental. Indivíduos portadores de doenças mentais podem efetivamente voltar às suas vidas normais e produtivas para receber tratamento apropriado.


 Quem Desenvolve a Doença Mental?

Doenças mentais afligem homens e mulheres. Qualquer pessoa—independente de idade, situação econômica ou raça—pode desenvolver uma doença mental. Entretanto, indivíduos que vivem em pobreza têm risco maior. Durante qualquer período de um ano, mais de 20 por cento da população americana sofre de distúrbio mental diagnosticável que interfere com emprego, frequencia na escola ou outras atividades diárias.


O que Causa a Doença mental?

A causa precisa dos Distúrbios Mentais não é completamente compreendida. De modo geral, distúrbios mentais resultam de uma combinação de fatores genéticos, outros fatores biológicos e ambientais. A influência entre biologia e ambiente é complicada. O cérebro influencia o comportamento, e a experiência afeta o desenvolvimento do cérebro.


Quais são os Tipos Comuns de Doença mental?

A seguir apresentamos descrições breves dos três distúrbios mentais mais freqüentes em adultos. Para obter descrições mais detalhadas sobre estes distúrbios, consulte folhetos que abordam estes distúrbios individualmente.

Distúrbios de Humor
Depressão é o problema emocional mais comum. É um sentimento emocional prolongado ou profundo de tristeza, sentir-se na "fossa" ou deprimido. Sentimentos depressivos como desânimo ou tristeza são perfeitamente normais se não ficarem muito graves ou durarem muito. Entretanto, se forem persistentes ou continuarem durante períodos longos a pessoa deve buscar ajuda.

O Distúrbio Bipolar, também conhecido como distúrbio maníaco-depressivo, é um distúrbio que causa mudanças abruptas no humor, energia e capacidade de agir de uma pessoa. Pessoas com Distúrbio Bipolar têm ciclos de humor alternando depressão com mania, e expressando diversos dos seguintes sintomas maníacos:
Soberba anormal ou excessiva
Irritabilidade incomum
Diminuição da necessidade de dormir
Mania de grandeza
Falar em excesso
Pensamentos acelerados
Aumento de desejo sexual
Aumento significativo de energia
Com tratamento, a maioria das pessoas com depressão e Distúrbio Bipolar podem se recuperar e voltar às suas vidas produtivas. Quase todas as pessoas que experimentam Distúrbios de Humor reagem a medicamentos, terapia ou combinação destes tratamentos.

Distúrbios de Ansiedade
Ansiedade é um sentimento de tensão associado com senso de ameaça, perigo ou medo grave. É típico que algumas pessoas sintam tensão branda no cotidiano; entretanto, a ansiedade profunda e prolongada é emocionalmente dolorosa. Conturba as atividades diárias das pessoas. Exemplos de Distúrbios de Ansiedade incluem Sindrome de Pânico, Distúrbio Obsessivo-Compulsivo, e Distúrbio de Stress Pós-Traumático.
Terapia e/ou medicamento são recomendados para pessoas com ansiedade moderada a grave
Esquizofrenia
Esquizofrenia é a distúrbio mental que é caracterizado por profundos distúrbios no pensamento, percepção e emoção, e que afeta mais de 1 por cento da população americana. Este distúrbio mental pode se manifestar em diversas formas. As dificuldades predominantes associadas com esquizofrenia são relacionadas ao pensamento ilógico ou incomum (p.ex., falsas crenças com convicção) ou percepções (p.ex., ouvir vozes ou ver coisas que realmente não existem). Porque o pensamento do esquizofrênico pode ser distorcido, às vezes, a pessoa que sofre de esquizofrenia pode exibir diversos comportamentos que parecem ser estranhos, para os outros. Além disso, a conversa da pessoa pode ser irracional ou desconexa.
A esquizofrenia pode ser tratada com medicamento, terapia e reabilitação psicossocial. Graças a novas opções de tratamento, muitos indivíduos com esquizofrenia são capazes de trabalhar, conviver com suas famílias, e manter amizades.



ALCOOLISMO - O QUE É


O alcoolismo é o conjunto de problemas relacionados ao consumo excessivo e prolongado de álcool. É entendido como o vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas e todas as consequencias decorrentes. O alcoolismo é, portanto, um conjunto de diagnósticos. Dentro do alcoolismo existe a dependência, a abstinência, o abuso (uso excessivo, porém não continuado), intoxicação por álcool (embriaguez). Síndromes de amnésia (perdas restritas de memória), demencia, alucinação, delirio e de transtornos do humor. Distúrbios de ansiedade, sexuais, do sono e distúrbios inespecíficos. Por fim o delirium tremens, que pode ser fatal.
Assim, o alcoolismo é um termo genérico que indica algum problema, em que geralmente há mais de um distúrbio presente.



Qual é o melhor caminho para o tratamento do alcoolismo? Seria os Alcoólicos Anônimos? Como sei se já sou um alcoolista?
Quando o assunto envolve um tema tão amplo e complexo como o alcoolismo, não há soluções simplistas. Todas as formas de ajuda, incluindo o A.A, são válidas. Tais grupos de auto-ajuda, em conjunto com tratamentos específicos na área de saúde mental (consultas com psiquiatras e psicólogos) melhoram as chances de sucesso. Os familiares também precisam de muita ajuda, o Al-Anon também é excelente neste sentido.
Quando o comportamento de beber começa a estreitar o repertório de vida das pessoas, ou seja, prejudicar suas relações pessoais, profissionais e familiares, já que grande parte do tempo ficam dedicadas ao ato de beber e também ao tempo necessário para lidar com consequencias negativas do mesmo, as pessoas devem procurar ajuda. Apesar dos inúmeros prejuízos gerados (físicos e psíquicos) os alcoolistas não conseguem cessar o uso do álcool, negando ou minimizando tais prejuízos nítidos. Sintomas de abstinência como tremores, agitação, irritabilidade, depressão, insônia, e em casos graves, até convulsões, podem ocorrer no dependente químico. Nessas ocasiões o álcool é utilizado no alívio de tais sintomas. Doses cada vez maiores são necessárias para obtenção dos efeitos desejados, o que denominamos de tolerância. São apenas alguns dos indícios de que a pessoa precisa procurar de forma urgente ajuda médica e psicológica.





As mulheres são mais vulneráveis ao álcool que os homens?
Aparentemente, as mulheres são mais vulneráveis sim. Elas atingem concentrações sanguineas de álcool mais altas com as mesmas doses, quando comparadas aos homens. Parece também que sob a mesma carga de álcool os órgãos das mulheres são mais prejudicados do que o dos homens. A idade onde se encontra a maior incidência de alcoolismo feminino está entre 26 e 34 anos, principalmente entre mulheres separadas. Se a separação foi causa ou efeito do alcoolismo isto ainda não está claro. As consequencias do alcoolismo sobre os órgãos são diferentes nas mulheres: elas estão mais sujeitas a cirrose hepática do que o homem. Alguns estudos mostram que o consumo moderado de álcool diário pode aumentar as chances de câncer de mama.



Em termos psicológicos, o que pode ocorrer com os filhos de alcoolistas?
Mihões de crianças e adolescentes convivem com algum parente alcoólatra no Brasil. As estatísticas mostram que eles estarão mais sujeitos a problemas emocionais e psiquiátricos do que a população desta faixa etária não exposta ao problema, o que de forma alguma significa que todos eles serão afetados. Na verdade, 59% não desenvolvem nenhum problema. O primeiro problema que podemos citar é a baixa auto-estima e auto-imagem com consequentes repercussões negativas sobre o rendimento escolar e demais áreas do funcionamento mental, inclusive em testes de QI. Esses adolescentes e crianças tendem, quando examinados, a subestimarem suas próprias capacidades e qualidades. Outros problemas comuns em filhos e parentes de alcoolistas são a persistência em mentiras, conflitos e brigas com colegas, delinquencia e problemas de relacionamento na escola.


Autor do artigo: Dr. Joel Rennó Jr.

Postado por: Jacira Montebeller





Crack



 
Leva 10 segundos para fazer o efeito, gerando euforia e excitação; respiração e batimentos cardíacos acelerados, seguido de depressão, delírio e "fissura" por novas doses. "Crack" refere-se à forma não salgada da cocaína isolada numa solução de água, depois de um tratamento de sal dissolvido em água com bicarbonato de sódio. Os pedaços grossos secos têm algumas impurezas e também contêm bicarbonato. Os últimos estouram ou racham (crack) como diz o nome.

Cinco a sete vezes mais potente do que a cocaína, o crack é também mais cruel e mortífero do que ela. Possui um poder avassalador para desestruturar a personalidade, agindo em prazo muito curto e criando enorme dependência psicológica. Assim como a cocaína, não causa dependência física, o corpo não sinaliza a carência da droga.

As primeiras sensações são de euforia, brilho e bem-estar, descritas como o estalo, um relâmpago, o "tuim", na linguagem dos usuários. Na segunda vez, elas já não aparecem. Logo os neurônios são lesados e o coração entra em descompasso (de 180 a 240 batimentos por minuto). Há risco de hemorragia cerebral, fissura, alucinações, delírios, convulsão, infarto agudo e morte.

O pulmão se fragmenta. Problemas respiratórios como congestão nasal, tosse insistente e expectoração de mucos negros indicam os danos sofridos.

Dores de cabeça, tonturas e desmaios, tremores, magreza, transpiração, palidez e nervosismo atormentam o craqueiro. Outros sinais importantes são euforia, desinibição, agitação psicomotora, taquicardia, dilatação das pupilas, aumento de pressão arterial e transpiração intensa. São comuns queimaduras nos lábios, na língua e no rosto pela proximidade da chama do isqueiro no cachimbo, no qual a pedra é fumada.

O crack induz a abortos e nascimentos prematuros. Os bebês sobreviventes apresentam cérebro menor e choram de dor quando tocados ou expostos à luz. Demoram mais para falar, andar e ir ao banheiro sozinhos e têm imensa dificuldade de aprendizado.



O caminho da droga no organismo

Do cachimbo ao cérebro



1. O crack é queimado e sua fumaça aspirada passa pelos alvéolos pulmonares

2. Via alvéolos o crack cai na circulação e atinge o cérebro

3. No sistema nervoso central, a droga age diretamente sobre os neurônios. O crack bloqueia a recaptura do neurotransmissor dopamina, mantendo a substância química por mais tempo nos espaços sinápticos. Com isso as atividades motoras e sensoriais são superestimuladas. A droga aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca. Há risco de convulsão, infarto e derrame cerebral

4. O crack é distribuído pelo organismo por meio da circulação sanguínea

5. No fígado, ele é metabolizado

6. A droga é eliminada pela urina


Ação no sistema nervoso






Em uma pessoa normal, os impulsos nervosos são convertidos em neurotransmissores, como a dopamina (1), e liberados nos espaços sinápticos. Uma vez passada a informação, a substância é recapturada (2). Nos usuários de crack, esse mecanismo encontra-se alterado.



A droga (3) subverte o mecanismo natural de recaptação da substância nas fendas sinápticas. Bloqueado esse processo, ocorre uma concentração anormal de dopamina na fenda (4), superestimulando os receptores musculares - daí a sensação de euforia e poder provocada pela droga. A alegria, entretanto, dura pouco. Os receptores ajustam-se às necessidades do sistema nervoso. Ao perceber que existem demasiados receptores na sinapse, eles são reduzidos. Com isso as sinapses tornam-se lentas, comprometendo as atividades cerebrais e corporais

O crack nasceu nos guetos pobres das metrópoles, levando crianças de rua ao vício fácil e a morte rápida. Agora chega à classe média, aumentando seu rastro de destruição


Fonte: Anjos Caídos, Içami Tiba. Editora Gente, 6ª edição

Fonte: Globo Ciência/1996 Ano 5 nº 58

Pela forma de uso, o crack é mais potente do que qualquer outra droga e provoca dependência desde a primeira pedra. A droga é de fácil acesso, sem cheiro, de efeito imediato e aprisiona pacientes e seus familiares.


O baixo custo da pedra – em torno de R$ 5 – revela-se ilusório. Empurrado para o precipício da fissura, o dependente precisa fumar 20, 30 vezes por dia. Desfaz-se de todos os bens, furta de familiares e amigos e, por fim, começa a cometer crimes.





O crack não uma droga nova mas uma nova via de administração da cocaína. Isto faz diferença quanto a rapidez de ação e por motivos operacionais, pois seu baixo custo torna-a atraente para o consumo. Todas as informações a respeito dos efeitos do crack devem ser procurados nas páginas sobre cocaína. Nesta seção é tratado apenas das peculiaridades do crack.

No começo dos anos 80 a pasta de coca foi transformada numa forma nova chamada base livre, que permite a volatilização (transformação em vapor) da cocaína, permitindo com que a cocaína pudesse ser fumada. A cocaína inalada em pó é uma apresentação sólida que se disolve na mucosa nasal antes de ser absorvida. Os vapores do crack vão para os pulmões e são transportados para a corrente sanguínea mais rapidamente conferindo maior rapidez de sensação psicotrópica, a sensação contudo é a mesma da cocaína bem como os demais efeitos. O nome crack é derivado do ruído característico que é produzido pelas pedras quando estão sendo decompostas pelo fumo.

O crack é considerado uma jogada de marketing, por ser barato alcança classes econômicas antes não atingidas pelo alto custo da cocaína em pó. O crack age por menos tempo do que a cocaína inalada, mas como inicia muito mais rapidamente e mais intensamente que a cocaína há uma especie de compensação psicológica pelo efetio. O crack é mais barato porque há pouca quantidade de cocaína nas pedras. O tempo para início de ação do crack são aproximadamente 10 segundos e o tempo de duração são de 5 minutos.

Fonte: Psicosite


É mais barato que a cocaína mas, como seu efeito dura muito pouco, acaba sendo usado em maiores quantidades, o que torna o vício muito caro, pois seu consumo passa a ser maior.


Estimulante seis vezes mais potente que a cocaína, o crack provoca dependência física e leva à morte por sua acção fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco.

Quais são as reações do crack? O que ele provoca no organismo?

O crack leva 15 segundos para chegar ao cérebro e já começa a produzir seus efeitos: forte aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor muscular e excitação acentuada, sensações de aparente bem-estar, aumento da capacidade física e mental, indiferença à dor e ao cansaço. Mas, se os prazeres físicos e psíquicos chegam rápido com uma pedra de crack, os sintomas da síndrome de abstinência também não demoram a chegar. Em 15 minutos, surge de novo a necessidade de inalar a fumaça de outra pedra, caso contrário chegarão inevitavelmente o desgaste físico, a prostração e a depressão profunda.

Estudiosos como o farmacologista Dr. F. Varella de Carvalho asseguram que "todo usuário de crack é um candidato à morte", porque ele pode provocar lesões cerebrais irreversíveis por causa de sua concentração no sistema nervoso central.




O crack é uma droga mais forte que as outras?

Sim, as pessoas que o experimentam sentem uma compulsão ( desejo incontrolável) de usá-lo de novo, estabelecendo rapidamente uma dependência física, pois querem manter o organismo em ritmo acelerado. As estatísticas do Denarc ( Departamento Estadual de Investigação sobre Narcóticos) indicam que, em Janeiro de 1992, dos 41 usuários que procuraram ajuda no Denarc, 10% usavam crack e, em Fevereiro desse mesmo ano, dos 147 usuários, já eram 20%. Esses usuários, em sua maioria, têm entre 15 e 25 anos de idade e vêm tanto de bairros pobres da periferia como de ricas mansões de bairros nobres.

Como o crack é uma das drogas de mais altos poderes viciantes, a pessoa, só de experimentar, pode tornar-se um viciado. Ele não é, porém, das primeiras drogas que alguém experimenta. De um modo geral, o seu usuário já usa outras, principalmente cocaína, e passa a utilizar o crack por curiosidade, para sentir efeitos mais fortes, ou ainda por falta de dinheiro, já que ele é bem mais barato por grama do que a cocaína. Todavia, como o efeito do crack passa muito depressa, e o sofrimento por sua ausência no corpo vem em 15 minutos, o usuário usa-o em maior quantidade, fazendo gastos ainda maiores do que já vinha fazendo. Para conseguir, então, sustentar esse vício, as pessoas começam a usar qualquer método para comprá-lo. Submetidas às pressões do traficante e do próprio vício, já não dispõem de tempo para ganhar dinheiro honestamente; partem, portanto, para a ilegalidade: tráfico de drogas, aliciamento de novas pessoas para a droga, roubos, assaltos, etc.

Fonte – oficina.cienciaviva.pt



Os efeitos do crack no organismo


Forma menos pura da cocaína, o crack tem um poder infinitamente maior de gerar dependência, pois a fumaça chega ao cérebro com velocidade e potência extremas. Ao prazer intenso e efêmero, segue-se a urgência da repetição. Além de se tornarem alvo de doenças pulmonares e circulatórias que podem levar à morte, os usuários se expõem à violência e a situações de perigo que também podem matá-lo.


Consequências para a saúde

(Jornal de Santa Catarina e A Notícia)

Intoxicação pelo metal

O usuário aquece a lata de refrigerante para inalar o crack. Além do vapor da droga, ele aspira o alumínio, que se desprende com facilidade da lata aquecida. O metal se espalha pela corrente sanguínea e provoca danos ao cérebro, aos pulmões, rins e ossos.

Fome e sono

O organismo passa a funcionar em função da droga. O dependente quase não come ou dorme. Ocorre um processo rápido de emagrecimento. Os casos de desnutrição são comuns. A dependência também se reflete em ausência de hábitos básicos de higiene e cuidados com a aparência.

Pulmões

A fumaça do crack gera lesão nos pulmões, levando a disfunções. Como já há um processo de emagrecimento, os dependentes ficam vulneráveis a doenças como pneumonia e tuberculose. Também há evidências de que o crack causa problemas respiratórios agudos, incluindo tosse, falta de ar e dores fortes no peito

Coração

A liberação de dopamina faz o usuário de crack ficar mais agitado, o que leva a aumento da presença de adrenalina no organismo. A consequência é o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Problemas cardiovasculares, como infarto, podem ocorrer

Ossos e músculos

O uso crônico da droga pode levar à degeneração irreversível dos músculos esqueléticos, chamada rabdomiólise.

Sistema neurológico

Oscilações de humor: o crack provoca lesões no cérebro, causando perda de função de neurônios. Isso resulta em deficiências de memória e de concentração, oscilações de humor, baixo limite para frustração e dificuldade de ter relacionamentos afetivos. O tratamento permite reverter parte dos danos, mas às vezes o quadro é irreversível

Prejuízo cognitivo: pode ser grave e rápido. Há casos de pacientes com seis meses de dependência que apresentavam QI equivalente a 100, dentro da média. Num teste refeito um ano depois, o QI havia baixado para 80

Doenças psiquiátricas: em razão da ação no cérebro, quadros psiquiátricos mais graves também podem ocorrer, com psicoses, paranoia, alucinações e delírios

Sexo

O desejo sexual diminui. Os homens têm dificuldade para conseguir ereção.

Há pesquisas que associam o uso do crack à maior suscetibilidade a doenças sexualmente transmissíveis, em razão do comportamento promíscuo que os usuários adotam

Morte

Pacientes podem morrer de doenças cardiovasculares (derrame e infarto) e relacionadas ao enfraquecimento do organismo (tuberculose).

A causa mais comum de óbito é a exposição à violência e a situações de perigo, por causa do envolvimento com traficantes, por exemplo.









Chega ao sistema nervoso central em dez segundos, devido ao fato de a área de absorção pulmonar ser grande e seu efeito dura de 3 a 10 minutos, com efeito de euforia mais forte do que o da cocaína, após o que produz muita depressão, o que leva o usuário a usar novamente para compensar o mal-estar, provocando intensa dependência. Não raro, o usuário tem alucinações, paranóia (ilusões de perseguição).

Em relação ao seu preço, é uma droga mais barata que a cocaína.[2]

O uso de cocaína por via intravenosa foi quase extinto no Brasil, pois foi substituído pelo crack, que provoca efeito semelhante, sendo tão potente quanto a cocaína injetada. A forma de uso do crack também favoreceu sua disseminação, já que não necessita de seringa — basta um cachimbo, na maioria das vezes improvisado, como uma lata de alumínio furada, por exemplo

Efeitos

O crack eleva a temperatura corporal, podendo causar no dependente um acidente vascular cerebral. A droga também causa destruição de neurônios e provoca a degeneração dos músculos do corpo (rabdomiólise), o que dá aquela aparência característica (esquelética) ao indivíduo: ossos da face salientes, braços e pernas finos e costelas aparentes. O crack inibe a fome, de maneira que os usuários só se alimentam quando não estão sob seu efeito narcótico. Outro efeito da droga é o excesso de horas sem dormir, e tudo isso pode deixar o dependente facilmente doente.

A maioria das pessoas que consome bebidas alcóolicas ñão se torna alcóolatra. Isso também é válido para outras drogas. No caso do crack, o usuário se torna completamente viciado na droga, ficando dependente com apenas três ou quatro doses, às vezes até na primeira. Normalmente o dependente, após algum tempo de uso da droga, continua a consumi-la apenas para fugir do desconforto da síndrome de abstinência — depressão, ansiedade e agressividade —, comum a outras drogas estimulantes.

Após o uso, a pessoa apresenta quadros de extrema violência, agressividade que se manifesta a princípio contra a própria família, desestruturando-a em todos os aspectos, e depois, por consequência, volta-se contra a sociedade em geral, com visível aumento do número de crimes relacionados ao vício em referência[1].

O consumo de crack fumado através de latas de alumínio como cachimbo, uma vez que a ingestão de alumínio está associada a dano neurológico, tem levado a estudos em busca de evidências do aumento do alumínio sérico em usuários de crack.[3]

Associação à prática de crimes e promiscuidade

O uso do crack — e sua potente dependência psíquica — frequentemente leva o usuário à prática de delitos, para obter a droga. Os pequenos furtos de dinheiro e de objetos, sobretudo eletrodomésticos, muitas vezes começam em casa. Muitos dependentes acabam vendendo tudo o que têm a disposição, ficando somente com a roupa do corpo. Se for mulher, não terá o mínimo escrúpulo em se prostituir para sustentar o vício. O dependente dificilmente consegue manter uma rotina de trabalho ou de estudos e passa a viver basicamente em busca da droga, não medindo esforços para consegui-la. É bom ressaltar que embora seja uma droga mais barata que a cocaína, o uso do crack acaba sendo mais dispendioso: o efeito da pedra de crack é mais intenso, mas passa mais depressa, o que leva ao uso compulsivo de várias pedras por dia.

Chances de recuperação

As chances de recuperação dessa doença, que muitos especialistas chamam de "doença adquirida" (lembrando que a adição não tem cura), são muito baixas, pois exige a submissão voluntária ao tratamento por parte do dependente, o que é difícil, haja vista que a "fissura", isto é, a vontade de voltar a usar a droga, é grande demais. Além disso, a maioria das famílias de usuários não tem condições de custear tratamentos em clínicas particulares ou de conseguir vagas em clínicas terapêuticas assistenciais, que nem sempre são idôneas[2]. É comum o dependente iniciar, mas abandonar o tratamento[3].

Seis vezes mais potente que a cocaína, o crack tem ação devastadora provocando lesões cerebrais irreversíveis; porém, ao contrário do que se poderia imaginar, não são as complicações de saúde pelo uso crônico da droga, mas sim os homicídios que constituem a primeira causa de morte entre os usuários, resultantes de brigas em geral, ações policiais e punições de traficantes pelo não-pagamento de dívidas contraídas nesse comércio; outra causa importante são as doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV, por exemplo, por conta do comportamento promíscuo que a droga gera.

Um estudo[4] O pesquisador Marcelo Ribeiro de Araújo acompanhou 131 dependentes de crack internados em clínicas de reabilitação e concluiu que usuários de crack correm risco de morte oito vezes maior que a população em geral. Cerca de 18,5% dos pacientes morreram após cinco anos. Destes, cerca de 60% morreram assassinados, 10% morreram de overdose e 30% em decorrência de aids.



Disseminação do vício

Estatísicas demonstram um aumento percentual do consumo de crack em relação às outras drogas, vindo seus usuários tanto de camadas sociais mais variadas. Outros estudos relacionam a entrada do crack como droga circulante em São Paulo ao aumento da criminalidade e da prostituição entre os jovens, com o fim de financiar o vício. Na periferia da cidade de São Paulo, jovens prostitutas viciadas em crack são o nicho de maior crescimento da aids no Brasil.

Outras drogas, sobretudo a cocaína, funcionam, via de regra, como porta de entrada para o crack a que o usuário recorre por falta de dinheiro, para sentir efeitos mais fortes, ou ainda por curiosidade. Assim, na degenerescência do vício, o crack aparece como o degrau mais baixo (o "fundo do poço")[4].

O efeito social do uso do crack é o mais deletério o produto que, segundo se diz, de início as próprias quadrilhas de traficantes do Rio de Janeiro não permitiam a sua entrada. Entretanto, recentes reportagens demonstram que a realidade já é bem diversa, e o entorpecente tornou-se o mais comercializado nas favelas cariocas. Atualmente, pode-se dizer que há uma verdadeira "epidemia" de consumo do crack no País, atingindo cidades grandes, médias e pequenas.

Alguns consumidores, em especial do sexo feminino, na prostituição de baixo nível, visando somar recursos para manter o prórpio vício, utilizam-se da introdução de pequenas porções de crack em cigarros de maconha, no que é chamado de "macaquinho", na gíria do meio consumidor e traficante de crack. O objetivo é obter novos viciados. Esta prática também é utilizada, por vontade própria, por alguns consumidores.[3

Questões econômicas

Embora gere menos renda para o traficante por peso de cocaína produzida, o crack, sendo mais viciante, garante um mercado cativo de consumo.

A pressão sobre o tráfico de cocaína (de menor volume e maior valor agregado) para os países ricos, tem deslocado o tráfico para o mercado de crack, passível de ser facilmente colocado para populações de baixa renda.[5]

Fonte: Wikipédia




O drama das famílias dos viciados em crack


Famílias bem constituídas também estão sujeitas aos flagelos da droga

Nádia de Toni
nadia.detoni@pioneiro.com

O crack não degrada apenas os usuários, atinge com fúria também familiares, que viram codependentes do vício. Da mesma maneira que relações problemáticas em casa podem motivar um refúgio nas drogas, famílias bem constituídas, que se imaginavam distantes dessa realidade, estão sujeitas aos flagelos da droga.



Conheça as histórias:

"Meu filho trocou até as bonecas das filhas por crack"

"É muito triste para uma mãe ter de recolher o corpo de um filho, mas, apesar da dor, sinto alívio."

Sob o domínio do crack, muitos viciados arrastam seus dramas para dentro de casa e acabam levando familiares a uma codependência emocional. Sentindo-se culpados, pais, mães e irmãos passam a aceitar ações violentas e a viver em permanente alerta, condicionando seu estado de espírito ao do usuário da droga. O superenvolvimento com a dependência mascara a visualização de soluções e, não raro, parentes se sujeitam a atos extremos, como acertar dívidas com traficantes, por medo da morte.

– Eu adoeci mais do que o meu filho. Fiquei completamente fora de controle, só gritava com todo mundo. Pegava meu carro, ia atrás dele de madrugada, brigava com traficantes. Cometi muita loucura – admite a caxiense Marcela (nome fictício), 37 anos, mãe de um jovem de 17 anos que começou a usar crack aos 13.

Como o vício se instala rápido, as famílias não têm tempo nem forças para digerir o problema e passam a agir por impulso, diz Maria Virgínia Agustini, coordenadora da política de saúde mental da Secretaria Municipal da Saúde de Caxias. Aceitar a situação é o primeiro desafio.

– Foi uma luta muito grande eu enxergar o problema. Podia acontecer com todo mundo, menos com a gente. Hoje vejo que meu filho pode ter buscado a droga porque eu não dei atenção nem limites dentro de casa – conclui Marcela.

A história dessa mãe exemplifica bem o drama vivenciado por muitas famílias de classe média e aparentemente bem estruturadas e imunes ao crack. No início dos anos 1990, quando o consumo explodiu, era um vício exclusivo de pobres e moradores de rua. Nos últimos tempos, entretanto, a pedra tem subido degraus na escala social e espalhado seus sinais devastadores por toda parte. Católica praticante, Marcela é casada, tem uma renda estável e os três filhos estudam em escola particular.

– Tínhamos uma vida tranquila e, de repente, traficantes chegavam na minha casa armados para cobrar dívidas do meu filho. Por medo, e também vergonha dos vizinhos, eu pagava. Dizia que não haveria próxima vez, mas sempre tinha – conta.

Ana (nome fictício), 65, é outra caxiense de classe média que passou por uma situação semelhante. Há 18 anos ela luta contra o vício do filho, de 33.

– Estive duas vezes em bocas (pontos de tráfico) para pagar débitos do meu filho, com medo de que fosse morto. Acho que meu erro foi não impor regras, acreditar demais nas melhoras dele de 24 horas – reconhece.



Marcela, o marido e os dois filhos menores vivenciaram o mundo do crack por três anos. A mãe bancava pelo menos R$ 2 mil por mês para que o filho mantivesse o vício sem precisar recorrer ao crime nas crises de abstinência. Mas, a certa altura, esse valor já não custeava as necessidades dele e o guri começou a prestar serviços a um traficante.

– A maior parte do dinheiro que eu precisava, conseguia em rolos com droga, vendendo, ajudando a fazer. Virava a noite vendendo e usando, só parava quando o corpo já não aguentava – conta o rapaz.

Ano passado, o jovem foi internado em uma fazenda terapêutica e, apesar das diversas tentativas de fuga, concluiu o tratamento há três meses. Agora o medo são as recaídas, já que os pontos de venda de crack continuam lá, pertinho de casa. Já o filho de Ana iniciou recentemente o oitavo tratamento em fazenda.

– Pra mim, um dia de paz já é muita coisa. Só consigo ficar tranquila quando ele está internado – conta Ana.

Nas clínicas e fazendas, quando um usuário é internado, a família é convocada a participar de grupos de terapia. Pais, mães, irmãos são tratados como pacientes.

– Quando chegam para tratamento, os dependentes químicos estão altamente desestruturados e os pontos de apoio, como a família, estão muito frágeis – analisa o psiquiatra Celso Luís Cattani, especialista em dependência química.

Especialistas acreditam que, para vencer a dependência, não apenas o usuário, mas a família precisa de recuperação. Uma das redes de apoio à família mais famosa é a da Organização Amor-Exigente, com 500 grupos espalhados pelo país. Em 2003, o crack representava 25% dos pedidos de ajuda. Hoje, a pedra é a motivação de 73% dos chamados. Em Caxias, a Pastoral de Auxílio ao Toxicômano (Patna) Nova Aurora é uma das instituições que sedia reuniões com a filosofia da Amor-Exigente.

O problema é que o crack provoca um desgaste tão grande nas relações que muitos parentes até iniciam, mas não dão andamento nos grupos. Segundo profissionais experientes da área, o que muitos querem é se livrar do transtorno. A internação do viciado em crack é encarada como um alívio.

SÉRIE DO JORNAL PIONEIRO PUBLICADA EM ABRIL DE 2009



Sinais de alerta


As marcas para descobrir se alguém está usando drogas na família ou no círculo de amigos são facilmente percebidas se existe diálogo e uma relação aberta. Quando falta conversa, também há sinais que podem ajudar pai, mãe, irmão ou avó e avô a descobrir o uso e tentar ajudar o viciado a livrar-se da dependência.

Além da devastação no organismo (veja quadro), o comportamento avisa. Há visível mudança física, que inclui perda de peso acentuada, em especial nos usuários de cocaína e crack — os "crackeiros" ainda sofrem de envelhecimento precoce e pele ressecada.

O consumo de drogas deixa o usuário retraído, deprimido, cansado e até descuidado em sua aparência. Um teste da Associação Espaço Comunitário Comenius, de São Paulo, orienta a observar o estilo da pessoa — se ficou agressiva, adotou atitudes violentas e se mudou de amigos.

Para Maria Cecília Heckrath, coordenadora do setor de álcool e drogas da Secretaria de Estado da Saúde (SC) , não há fórmula segura para detectar o consumo de drogas, mas é comum perceber o uso se a família tem diálogo.

- Quando os pais são distantes ou a família é desestruturada fica difícil. Aí os pais só percebem quando encontram droga no bolso do filho, diz Maria Cecília, que trabalhou mais de 10 anos no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Florianópolis.



O conjunto desses fatores pode indicar o consumo:

Zero Hora e A Notícia

O jovem anda retraído, deprimido, cansado e descuidado do aspecto pessoal (com cabelo e barba por fazer e unhas sujas e malcuidadas), agressivo, com atitudes violentas.

Quando a pessoa muda radicalmente o grupo de amizades. Se estuda, mostra dificuldades na escola e perde o interesse por passatempos, esportes e hobbies. Se trabalha, começa a faltar e ficar relapso.

O usuário muda seus hábitos alimentares, deixa de se alimentar com frequência e passa a sofrer com distúrbios de sono. O usuário de crack pode perder 10 quilos em um mês.

Usa desodorantes para disfarçar cheiro, fica com os olhos vermelhos, as pupilas dilatadas e usa colírios.

Mantém conversas telefônicas com desconhecidos, começa a furtar objetos de valor na própria casa.

Adota mudanças no visual, usa roupas sujas e faz apologia a drogas.

No caso da maconha, quando há caixas de fósforos furadas no centro, ou piteiras e cachimbos, que permitem fumar o cigarro de maconha até o final sem queimar os dedos ou os lábios; papel de seda (para enrolar a droga); tem manchas amareladas entre as pontas dos dedos e queimaduras e há cheiro nos lençóis.

No caso da cocaína, cartões de crédito e lâminas utilizados para pulverizar o pó e canetas sem carga, para aspirá-lo, são sinais de uso.

Também é importante perceber se o nariz da pessoa sangra com frequência ou apresenta coriza, se tem dificuldade para falar, gasta mais dinheiro do que o normal e sai mais de casa, ou passa noites insones.

Mentiras recorrentes e descaso com compromissos.

Grupo RBS



Se o diabo inventou um inferno na terra, esse inferno é o crack"


Considerada a pior das drogas, pedra tem feito um número cada vez maior de vítimas

Nádia de Toni
nadia.detoni@pioneiro.com

Toda vez que um viciado em crack acende seu cachimbo assina uma nova sentença de morte. Com o poder de escravizar às primeiras tragadas, a pedra à base de cocaína arrasta o usuário à sarjeta em pouquíssimo tempo. A droga, que avança como uma praga pelo território gaúcho, faz mais vítimas do que qualquer outra porque afunda o dependente numa degradação física e psicológica que o empurra ao crime para saciar o vício devastador.



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Prostituição para comprar crack

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Recaída pela sexta vez



A estimativa oficial é de que haja 50 mil usuários de crack no Rio Grande do Sul. O dado é alarmante, mas a realidade pode ser ainda pior, uma vez que a estatística se baseia em pessoas que procuram ajuda em centros de reabilitação, o que exclui uma imensa parcela que convive com a droga e o tráfico diariamente.



O estrago social provocado pelo crack tem impacto nítido em Caxias, a começar pela violência. Desde que a droga aportou na cidade, há duas décadas, os índices de criminalidade só aumentaram. Até março deste ano, a droga já motivou 51% dos 31 assassinatos.



— Na fissura por mais droga, muitos usuários se envolvem em assaltos, furtos, se endividam com traficantes. Terminam pagando com a própria morte — diz o delegado Marcelo Grolli, do 3º Distrito Policial (3º DP) de Caxias.



O crack, assim denominado porque a pedra emite pequenos estalos quando queimada, leva fama de ser uma droga barata desde que seu consumo explodiu nas periferias brasileiras, nos anos 1990. Mas o baixo custo da pedra, em torno de R$ 5, é uma ilusão. Da mesma maneira que não se tem notícia de alguém que tenha experimentado crack uma única vez, um dependente não se satisfaz com uma pedra. Na fissura, o usuário fuma 20, 30 pedras ao dia. Para custear vício, primeiro se desfaz do que tem, depois parte para o crime.



No Estado, as apreensões de crack se multiplicam a cada ano, um indício claro de que mais gente está consumindo e precisa de dinheiro para tal. Entre janeiro e março, a Brigada Militar (BM) de Caxias realizou 52 operações de combate ao tráfico e apreendeu 697 pedras (264,14 gramas), quase o dobro das 378 (326,47) recolhidas no mesmo período do ano passado. Em 2008, 10.293 pedras (2,6 quilos) foram apreendidas.


A polícia calcula que, em Caxias, haja pelo menos 160 pontos de venda de crack e outras drogas, como maconha e cocaína, ainda mais consumidas do que o crack. Ano passado, a Polícia Civil responsabilizou 126 pessoas por tráfico. De janeiro a março de 2009, 36 pessoas já foram indiciadas. Nos pontos de venda, traficantes costumam aceitar de tudo dos viciados em desespero, de laptops a bonecas.

— É comum encontrar todo tipo de material nos pontos de tráfico. Qualquer coisa serve como moeda de troca – revela o tenente-coronel Júlio César Marobin, comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), de Caxias.

— Num Natal, meu filho conseguiu trocar por crack até o peru da nossa ceia. Toda noite eu tinha que colocar o botijão de gás no meu quarto senão meu filho vendia por pedra – conta a caxiense Everly de Jesus Rodrigues, 45 anos, mãe de um garoto de 18 anos morto a tiros em consequência do vício, mês passado.




O drama que o crack leva para dentro das famílias não aparece nas estatísticas policiais, mas é gravíssimo. Nos últimos tempos, casos de mães que acorrentam seus filhos na tentativa de conter o vício têm aparecido com frequência na imprensa. Entretanto, a maioria das famílias silencia, por medo ou vergonha, enquanto dinheiro e objetos são levados de casa.

— O usuário não se penaliza com barbaridades que comete, com parentes ou desconhecidos, porque o crack anestesia o afeto — diz Maria Virgínia Agustini, coordenadora da política de saúde mental da Secretaria Municipal da Saúde.


A lotação de instituições de reabilitação e ambulatórios de desintoxicação é uma demonstração dessa epidemia que atinge centenas de lares gaúchos, ricos e pobres. Só em Caxias, 514 pessoas em atendimento, sendo que 90% são dependentes de crack.

— Se o diabo inventou um inferno na terra, esse inferno é o crack — ressalta Roberto Faleiro, coordenador da Casa de Passagem São Francisco.



Do total de usuários em tratamento, 35% abandonarão tudo no meio do caminho. Entre os que concluírem o processo, 90% vão recair na pedra.

— O crack provoca muitas sequelas no organismo e é difícil conseguir algum resultado de longo prazo — revela o psiquiatra Celso Luís Cattani, especialista em dependência química.


Quando o assunto é crack, não há motivos para otimismo.





Fonte: RBS