quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

DIABETES MELLITUS


Diabetes é o acúmulo de glicose no sangue por incapacidade das células de consumi-lo para produção de energia.
Isso pode ocorrer principalmente de 2 maneiras:

DIABETES TIPO 1 - Ocorre pela destruição das células pancreáticas que são responsáveis pela produção de insulina. Essa destruição é em geral um processo auto-imune (ou seja, os anti-corpos atuam contra o próprio corpo). O resultado é a ausência de insulina e a elevação da glicose sanguínea, chamada de hiperglicemia. O diabetes tipo 1 ocorre geralmente na juventude e deve ser tratado com reposição de insulina. Corresponde a apenas 10% dos caso de diabetes.



DIABETES TIPO 2 - Ocorre por diminuição na produção de insulina, mas principalmente por um mal funcionamento desta. Existe insulina, mas as células apresentam problemas em usá-la para captar a glicose. O diabetes tipo 2 ocorre em adultos, geralmente obesos e com história familiar positiva. O tratamento é feito com remédios que aumentam a afinidade das células pela insulina. Corresponde por mais de 80% dos casos de diabetes mellitus.


Com o tempo o paciente com diabetes 2 também apresenta lesão das suas células beta do pâncreas, passando também a depender de insulina. ou seja, não é a dependência de insulina que distingue o diabetes tipo 1 do tipo 2.

 
Existem outros tipos de diabetes, como o diabetes gestacional e diabetes pela pancreatite crônica.


Diagnóstico do diabetes mellitus


O diagnóstico do diabetes é normalmente realizado após 2 medições, em dias diferentes da glicose sanguínea (glicemia) em jejum de 8 a 12 horas. Valores maiores ou iguais a 126 mg/ml, confirmados em 2 exames, indicam diabetes.

O valor normal é menor que 100 mg/dl. Pessoas com glicemia entre 100 e 125, apresentam sinais de resistência a insulina. Esta fase é o chamada de pré-diabetes. É o momento de fazer dieta, emagrecer e começar a praticar exercícios, para evitar a progressão da doença.


O exame de sangue deve ser feito preferencialmente em jejum, mas se o paciente apresenta sintomas de diabetes, um valor de glicose acima de 200mg/dl, mesmo que realizado sem jejum, também pode ser indicativo de diabetes mellitus.


O exame correto para o diagnóstico é a analise de sangue. As fitas-teste para avaliação de glicemia capilar são usadas para controle de diabétes em tratamento e não servem para estabelecer o diagnóstico. Obviamente, valores elevados nas fitas sugerem o diagnóstico, mas deve sempre ser confirmado com análises de punção venosa.


Fatores de risco para diabetes mellitus


Idade acima de 45 anos


Sobrepeso ou obesidade (Índice de Massa Corporal maior que 25 kg/m2)


História familiar de diabetes


Sedentarismo


Hipertensão


História prévia de diabetes gestacional


Glicemia maior que 100 mg/dl em jejum (pré-diabetes)


Ovário policístico


Colesterol elevado


Uso prolongado de medicamentos como corticóides, ciclosporina e ácido nicotínico.


Tabagismo


Dieta rica em gorduras saturadas e carboidratos e pobre em vegetais e frutas



Sintomas do diabetes


O diabetes mellitus nas fases iniciais pode ser assintomático. Os seus sintomas são normalmente relacionados ao excesso de açúcar no sangue:

- Sede: A hiperglicemia aumenta a osmolaridade do sangue e desencadeia o mecanismo de sede. Glicemia elevada gera sede intensa e ingesta exagerada de água .


- Urina em excesso: Normalmente o rim não elimina glicose na urina, mas em situações de hiperglicemia, ele faz seu papel de órgão regulador do organismo: excreta o que está em excesso. Como não se pode urinar açúcar, para eliminar a glicose é preciso diluí-la em água, com isso, o volume de urina aumenta. O excesso de água perdido na urina causa desidratação e contribui ainda mais para a sede.


- Fome: Como as células não conseguem captar glicose, o corpo interpreta isso como um estado de falta de alimento e gera fome. O diabético bebe muita água e não mata sede. Come e não mata a fome.


- Emagrecimento: O diabetes é uma das causas de emagrecimento sem perda de apetite.


- Visão borrada: Níveis elevados de glicose também causam alterações na acuidade visual, que às vezes podem ser confundidos com miopia pelos pacientes.


Cetoacidose diabética


A cetoacidose diabética é uma complicação do diabetes tipo 1, devido a ausência de insulina. Como as células não recebem glicose, elas precisam arranjar outra fonte para gerar energia e não morrer. A solução é queimar gordura. O problema é que além de não gerar tanta energia como a glicose, a metabolização das gorduras gera uma quantidade imensa de ácidos (chamados de cetoácidos) levando a cetoacidose. O pH do sangue cai muito e pode chegar a níveis incompatíveis com a vida se não for tratado rapidamente.
Ocorre normalmente com glicemias maiores que 500 mg/dl.


Estado hiperosmolar
O estado hiperosmolar é a complicação do diabetes 2 análoga a cetoacidose do diabetes 1. Como o problema não é a ausência da insulina, não ocorre a produção de cetoácidos, porém, a glicemia pode ultrapassar 1000 mg/dl. Tanta glicose deixa o sangue espesso e com uma osmolaridade elevadíssima podendo levar ao coma hiperosmolar.


Tanto a cetoacidose quanto o estado hiperosmolar têm quadro clínico semelhante. O doente apresenta desidratação grave, alterações do nível de consciência, respiração rápida e dor abdominal (estes dois últimos são mais comuns na cetoacidose).
Ambas são consideradas urgências médicas.
São normalmente desencadeados por má aderência ao tratamento, com descontrole da glicemia, mas também por infecções, uso de drogas, infartos, AVC e outros fatores de estresse.


Complicações do diabetes mellitus


O excesso de glicose sanguínea e as alterações metabólicas levam a um estado de inflamação crônica que propicia o aparecimento de todas as complicações à longo prazo do diabetes:


- Infarto do miocárdio
- AVC
- Insuficiência renal
- Cegueira
- Insuficiência arterial e amputações de membros
- Acometimento dos nervos periféricos
- Úlceras de pele.


O pé diabético é uma complicação comum do diabetes mal tratado. A diminuição do aporte de sangue e a lesão dos nervos (neuropatia diabética) dos membros inferiores, diminuem a sensibilidade do pé e das pernas fazendo que o paciente lesione a região sem sentir dor. A dor é um dos nossos principais mecanismos de defesa e nos indica que algo de errado está acontecendo. Os doentes com neuropatia diabética não percebem quando algo fere seus pés, por isso, não tem como se proteger do que está agredindo a pele.

É comum a formação de úlceras e em casos avançados pode ser necessário amputação do membro devido a necrose.


O diabetes também é a principal causa de insuficiência renal no mundo. Pode não só levar o doente à diálise como também causar síndrome nefrótica pelo excesso de perda de proteínas na urina.. O controle da proteinúria é um dos principais meios de evitar a progressão da doença renal.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ANEMIAS



O que é anemia ?
Anemia é a redução no número de células sanguíneas vermelhas e/ou na taxa de hemoglobina. Isso ocasiona a redução da habilidade do sangue transferir oxigênio para os tecidos. A hemoglobina  (proteína que carrega oxigênio nas células vermelhas do sangue) tem que estar presente para garantir a oxigenação adequada de todos os tecidos do organismo.


Sinais e sintomas
A anemia pode permanecer não detectada em muitas pessoas e os sintomas podem ser vagos. O mais comum é a sensação de fraqueza ou fadiga. Falta de ar é relatada em casos mais severos. Muitos casos de anemia severa incitam uma resposta compensatória na qual o trabalho cardíaco é bem aumentado levando a palpitações e transpiração; esse processo pode ocasionar falha cardíaca em idosos. Palidez somente é notável em casos de anemia severa, e desta forma não é um sintoma confiável.

Diagnóstico
A única forma de diagnosticar anemia é através de exame de sangue. Geralmente é feita uma contagem completa dos elementos do sangue. Além de mostrar a quantidade de células sanguíneas vermelhas e nível de hemoglobina, a contagem automática também mede o tamanho das células vermelhas, o que é importante para distinguir entre as causas.

Uma vez que anemia pode ter várias causas, podem ser pesquisadas condições clínicas como insuficiência renal, deficiências vitamínicas e hemorragias internas , por exemplo. Pode ser solicitado, entre outros, Pesquisa de Sangue Oculto nas fezes, que em caso positivo levará a solicitação de outros exames como a endoscopia. 
Em casos específicos solicita-se testes da medula óssea, que mostram se ela está saudável e fabricando células sanguíneas suficientes, ou não.

Ocasionalmente, outros exames serão solicitados para definir a origem e o tipo da anemia. Dosagem dos níveis de glicose, ferritina, função renal e eletrólitos, pode ser necessário para definir outras causas dos sintomas.

A anemia é classificada pelo tamanho das células vermelhas do sangue; isso é verificado automaticamente ou em exame microscópico do esfregaço sanguíneo. O tamanho é refletido no volume corpuscular médio. Se as células forem menores que o normal, é dito que a anemia é micrócita; se elas têm tamanho normal, normcítica; se são maiores que o tamanho normal, macrocítica. Outras características visíveis pelo exame do esfregaço sanguíneo podem dar pistas valiosas para um diagnóstico mais específico; por exemplo, células brancas anormais podem apontar para a causa na medula óssea.

Anemia microcítica
O tipo mais comum de anemia é a decorrente de deficiência de ferro, a qual geralmente é microcítica. Causas bem mais raras, são talassemia e hemossiderose (raras porém prevalentes em determinadas regiões do planeta).

Anemia por deficiência de ferro ocorre quando o consumo na dieta ou absorção de ferro é insuficiente. O ferro é uma parte essencial da hemoglobina, e baixos níveis desse mineral resultam em incorporação diminuída de hemoglobina nas células vermelhas. Nos Estados Unidos, 20% da mulheres na pré-menopausa têm anemia por deficiência de ferro, comparadas a somente 2% dos homens. A principal causa de anemia por deficiência de ferro em mulheres nessa fase da vida é a perda de sangue durante a menstruação. Estudos têm mostrado que a deficiência de ferro pode causar queda no rendimento escolar e diminuição do QI em garotas adolescentes. Em pessoas idosas, anemia por deficiência de ferro muitas vezes ocorre por lesões com sangramento no trato intestinal. Exame de fezes e endoscopia geralmente são feitos para identificar lesões com sangramentos, as quais podem ser malignas.

Anemia Normocítica
Anemia normocítica pode ser causada por perda de sangue aguda, doença crônica ou falha em produzir quantidade suficiente de células vermelhas. Problemas renais crônico ou hepáticos causam anemia normocítica. No caso de problema renal isso deve-se à diminuição da produção do hormônio eritropoietina.

Certas deficiências hormonais, como deficiência de testosterona, podem causar anemia normocítica. Anemia sideroblastica é causada pela produção anormal de células vermelhas sanguíneas como parte da Síndrome Mielodisplásica, a qual pode se desenvolver em tumores malignos hematológicos (especialmente leucemia mielógena aguda).


Anemia aplástica é causada pela inabilidade da medula óssea em produzir células sanguíneas. É muito mais rara do que as anemias causadas por deficiências na dieta ou defeitos genéticos, e progride rapidamente.

Anemia macrocítica
A causa mais comum de anemia macrocítica é a deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico, devida à ingestão inadequada ou absorção insuficiente.
Deficiência de vitamina B12 produz sintomas neurológicos, o mesmo não ocorrendo na deficiência de ácido fólico.
Anemia perniciosa é uma condição auto-imune onde falta ao organismo fator intrínseco necessário para absorver a vitamina B12 dos alimentos.
Alcoolismo pode causar anemia macrocítica.


Como é o tratamento da anemia ferropriva
Depende da sua causa e severidade. As opções de tratamento podem incluir mudanças na dieta e suplementos alimentares, medicamentos, e cirurgia. Anemia ferropriva severa pode requerer tratamento hospitalar, transfusões de sangue,  ou terapia intravenosa medicamentos à base de ferro. Os objetivos são tratar as causas por trás da anemia ferropriva, e restaurar os níveis normais de células vermelhas, hemoglobina e ferro.

O paciente com anemia ferropriva pode necessitar de suplementos de ferro para elevar os níveis desse mineral o mais rápido possível. Altas quantidades de ferro podem ser danosas. Desta forma, deve-se usar esses medicamentos  somente com prescrição médica. Efeitos colaterais, como fezes escuras, irritação estomacal, azia e constipação são comuns no uso desses suplementos.

É aconselhável uma dieta rica em alimentos com alto teor de ferro. A melhor fonte é a carne vermelha, especialmente fígado bovino. Frango, peru, porco, peixe e frutos do mar também são boas fontes de ferro.

Outros alimentos ricos em ferro são:

* Vegetais verde escuros.

* Amendoim e amêndoas.

* Lentilhas e feijões.

Vitamina C (ácido ascórbico) no tratamento de anemia ferropriva

A vitamina C ajuda o organismo a absorver ferro. Boas fontes de vitaminas C são frutas, verduras e legumes, especialmente pimentão, kiwi, laranja, limão, acerola e uva, morango, melão, abacaxi e manga, tomate, couve-de-bruxelas, brócolis, batata doce, couve-flor e couve.

Se a deficiência de ferro for severa, o paciente pode receber transfusão de células vermelhas do sangue. A transfusão tratará a anemia imediatamente. Porém, ela é somente uma solução de curto prazo. É preciso encontrar e tratar a causa.


Exame físico para diagnóstico da anemia
O diagnóstico da anemia é baseado no histórico do paciente e de sua família, exame físico e resultados de exames laboratoriais. Uma vez que a anemia nem sempre apresenta sintomas, o médico pode descobri-la ao checar outra condição  de saúde.
 Durante o exame físico verifica-se:

* a pele, se está pálida ou amarelada

 * Ausculta cardíaca para verificar batimentos rápidos ou irregulares.

* Ausculta dos pulmões para respiração rápida ou irregular.

* Palpação abdominal para verificar o tamanho do fígado e baço.

*Exame pélvico ou retal para verificar origens comuns de perda de sangue.

*Sinais de dano neural.

* Verificação do estado mental, coordenação e capacidade de caminhar do paciente.

Diagnóstico da anemia perniciosa
O diagnóstico da anemia perniciosa baseia-se em histórico pessoal e familiar, exame físico, e resultados de exames laboratoriais, como hemograma, visando detectar se a anemia perniciosa (decorrente de deficiência de vitamina B12) é ocasionada pela falta de fator intrínseco (necessário para absorção de vitamina B12) ou por outra causa.

Histórico pessoal e familiar no diagnóstico da anemia perniciosa
* Se passou por procedimento cirúrgico do aparelho digestivo.

* Se tem qualquer transtorno digestivo, como doença celíaca ou doença de Crohn.

* Sobre a dieta e medicamentos que usa.

* Se tem histórico familiar de anemia.

* Se tem histórico familiar de desordens auto-imunes.


§  Hemograma
Freqüentemente o primeiro exame usado para diagnosticar muitos tipos de anemia é o hemograma completo. Este, quantifica diferentes componentes do sangue, como os níveis de hemoglobina e hematócrito. Hemoglobina é uma proteína rica em ferro nas células vermelhas que carregam oxigênio ao organismo. Hematócrito é uma medida do espaço que as células vermelhas ocupam no sangue. Baixo nível de hemoglobina ou hematócrito verificado no hemograma é sinal de anemia.

O hemograma completo também verifica a quantidade de hemácias, leucócitos e plaquetas no sangue. Resultados anormais podem ser sinal de anemia,  infecção ou outra condição. Finalmente, o hemograma checa o volume corpuscular médio, ou seja, a medida do tamanho médio das células vermelhas, que dará pistas sobre as causas da anemia.
§  Outros exames
Contagem de Reticulócitos -  mede a quantidade de células vermelhas jovens no sangue. Esse exame mostra se a medula óssea está fabricando células vermelhas na taxa correta. Portadores de anemia perniciosa têm contagem baixa de reticulócitos.
 Dosagens de folato e ferro também podem ajudar a diagnosticar o tipo de anemia.

Podem ser necessários exames para verificar:
* Os níveis de vitamina B12 no sangue.
* Os níveis de homocisteína e ácido metilmalônico. Altos níveis dessas substâncias no corpo são sinais de anemia perniciosa.
* Anticorpos para fator intrínseco e anticorpos das células parietais.

§  Exames de medula óssea
Exames de medula óssea mostram se ela está saudável e fabricando células vermelhas suficientes. Os dois exames são aspiração e biópsia. Na anemia perniciosa as células da medula óssea que se transformam em células vermelhas são maiores do que o normal.

O que é ferritina
É uma proteína que armazena ferro e o libera de forma controlada. A ferritina é produzida por quase todos os seres vivos, incluindo bactérias, plantas e animais.
Em humanos a ferritina funciona como um amortecedor contra deficiência de ferro e sobrecarga desse mineral.

§  Uso diagnóstico da ferritina
Os níveis séricos de ferritina são medidos em pacientes como parte dos testes para anemia e síndrome das pernas inquietas. A medida dos níveis de ferritina tem correlação direta com a quantidade total de ferro armazenada no corpo incluindo casos de anemia ou doença crônica.

§  Ferritina baixa
Leva à deficiência de ferro, que pode levar à anemia. Níveis baixos de ferritina (<50 ng/mL) tem sido associados a sintomas de síndrome das pernas inquietas, mesmo na ausência de anemia ou doença. Ferritina baixa também pode indicar hipotireoidismo ou deficiência de vitamina C.

§  Ferritina alta
Indica desordens de sobrecarga de ferro, como hemocromatose, hemossiderose e porfiria.
A ferritina também é freqüentemente alta durante o curso de doenças e durante períodos de má-nutrição aguda.


 Fonte:www.copacabanarunners.com.br

sábado, 22 de janeiro de 2011

Candidíase


É uma infecção genital causada por um fungo chamado candida albicans. Esse microorganismo geralmente se aloja na pele, na boca (sapinho), no estômago, no intestino e no órgão genital feminino. Os sintomas aparecem quando ocorrem alterações de imunidade.

Candida Albicans
É uma das causas mais comuns de infecção do trato genital feminino. O fungo (levedura) causador da doença pertence à flora normal do órgão genital feminino, mas certas situações fazem com que ele aumente muito em quantidade, tornando-se patogênico, ou seja, causando a candidíase.
Cerca de 90% das mulheres podem ser infectadas pela candidíase vaginal, pelo menos uma vez na vida.
A candidíase aparece quando a resistência do organismo cai ou quando a resistência vaginal está diminuída. Dentre as situações mais comuns, que merecem cuidados especiais, podemos citar como fatores desencadeantes desta micose:

Gravidez - o meio vaginal fica favorável ao desenvolvimento da candida devido ao aumento dos níveis de estrogênio.

Anticoncepcionais - eleva o nível de estrogênio também no fluxo vaginal.
Menopausa - a diminuição dos hormônios femininos faz com que a mucosa vaginal fique menos resistente.
Corticóides - provoca alterações
 no sistema imunológico.
Antibióticos - podem gerar um desequilíbrio na flora esidente do órgão genital feminino.
Distúrbios endócrinos - como o diabetes, que provoca alta concentração de açúcar no meio vaginal e na urina.
Higiene pessoal - um mau hábito de higiene pode disseminar os microorganismos do intestino para o órgão genital feminino.
Roupa íntima de material sintético - produzem uma situação de calor e umidade sobre a pele, acúmulo de suor, favorecendo o crescimento da candida.
Agentes sensibilizantes de pele - a pele pode sofrer lesões ou inflamação pela ação de sabonetes, desodorantes e duchas vaginais.
Relações sexuais - a mulher pode adquirir candidíase vaginal através da auto-infestação e contaminar o seu parceiro sexual, que passa a ser uma fonte de contágio.

Outros
Uso frequente de meias de nylon e calças apertadas.
Prática de esportes aquáticos.
Promiscuidade sexual.

Fontes de reinfecção


Parceiros masculinos - mesmo não apresentando os sintomas, a mulher pode passar a candidíase ao seu parceiro. Poucos homens apresentam os sintomas, mas são fontes de reinfecção.
Pele dos genitais - a candidíase pode reaparecer a partir de lesões, como um trauma provocado na relação sexual.
Artigos de uso pessoal - os fungos ficam em escovas
 de dentes, bidês, banheiras e roupas íntimas.
Trato gastrointestinal - o intestino é um reservatório de colonização. Uma higiene íntima inadequada pode provocar a disseminação do microorganismo do intestino para o órgão genital feminino, causando reinfestação.

Cuidados


Faça uma perfeita higienização durante o banho.
Prefira sabonete, absorvente e papel higiênico neutros.
Evite banho em banheiras.
Não compartilhe toalhas de banho.
Seque bem todo o corpo.
A higiene pessoal deve ser feita da vulva para o orifício retal, nunca ao contrário.
Prefira calcinhas de algodão.
Lave as roupas íntimas com água fervente e sabão.
Passe as roupas íntimas com ferro.


Sintomas


Coceira e sensação de ardência na vulva.
Corrimento vaginal branco espesso e aderente.
Inflamação vulvar com vermelhidão.
Algumas mulheres têm apenas uma leve irritação e coceira.
Grande desconforto durante a relação sexual.
Durante o ato sexual, a mulher com candidíase transmite-a ao homem, que dificilmente desenvolve os sintomas - eventualmente o parceiro sexual aparece com pequenas manchas vermelhas no órgão genital masculino, mas acaba se tornando um reservatório da doença.
Devido a isso, o homem deverá fazer também o tratamento, para que ele não retransmita a doença para a mulher que já estiver curada.
O diagnóstico é clínico, através de exames de laboratório e o papanicolau (exame preventivo de câncer).

Tratamento


Por muitos anos, o tratamento da candidíase vaginal era feito com cremes e óvulos. Devido aos inconvenientes da administração, muitas pacientes abandonavam o tratamento.
Hoje existem tratamentos administrados por via oral, com apenas um dia de duração. Siga corretamente a prescrição do seu médico e tome os devidos cuidados para evitar uma reinfecção.

Fonte: www.hmdap.com.br

Herpes genital


Herpes genital é uma doença sexualmente transmissível de alta prevalência, causada pelo vírus do herpes simples (HSV), que provoca lesões na pele e nas mucosas dos órgãos genitais masculinos e femininos. Uma vez dentro de um organismo, dificilmente esse vírus será eliminado, porque se aproveita do material fornecido pelas células do hospedeiro para sua replicação. Além disso, como se esconde dentro das raízes nervosas, o sistema imunológico não tem acesso a ele.
Existem dois tipos de HSV:
a) O tipo 1, responsável pelo herpes facial, manifesta-se principalmente na região da boca, nariz e olhos;
b) O tipo 2 que acomete principalmente a região genital, ânus e nádegas.
O período de incubação varia de dez a quinze dias após a relação sexual com o/a portador/a do vírus, que pode ser transmitido mesmo na ausência das lesões cutâneas ou quando elas já estão cicatrizadas.
Herpes genital na gravidez pode provocar abortamento espontâneo, uma vez que existe a transmissão vertical do vírus. E mais: herpes congênito é uma doença extremamente grave e letal.

Características das lesões

Pequenas vesículas que se distribuem em forma de buquê nos genitais masculinos e femininos. Às vezes, elas estão presentes dentro do meato uretral ou, por contigüidade, podem atingir a região anal e peri-anal, de onde se disseminam se o sistema imunológico estiver debilitado.
As lesões do herpes genital costumam regredir espontaneamente, mesmo sem tratamento, nos indivíduos imunocompetentes. Nos portadores de HIV, porém, elas adquirem dimensões extraordinárias.

Primo-infecção e recidivas

A primeira infecção pode ser muito agressiva e longa, porque o vírus do herpes genital (HSV) é um elemento estranho e não houve tempo ainda para o sistema de defesa desenvolver estratégias para combatê-lo. Já as recidivas costumam ser menos graves, porque o organismo criou anticorpos capazes de tornar a doença autolimitada, mas permanece o risco de recidivas.

Sintomas

Ardor, prurido, formigamento e gânglios inflamados podem anteceder a erupção cutânea. São os sinais prodômicos da infecção.
As manchas vermelhas que aparecem alguns dias mais tarde evoluem para vesículas agrupadas em forma de buquê. Depois, essas pequenas bolhas cheias de líquido se rompem, criam casca, cicatrizam, mas o vírus migra pela raiz nervosa até alojar-se num gânglio neural, onde permanece quiescente até a recidiva seguinte.

Tratamento

O aciclovir é uma droga usada para o tratamento do herpes genital. Ele necessita da ação enzimática do vírus para destruí-lo ou impedir que mantenha sua cadeia de replicação. No entanto, quando o vírus está recolhido no gânglio neural, esse remédio não faz efeito.

Recomendações

* A melhor maneira de prevenir o herpes genital e usar preservativo nas relações sexuais e evitar múltiplos parceiros;
* Mesmo que a mulher não tenha lesões visíveis, deve informar o médico de que é portadora do vírus do herpes genital, se pretende engravidar;
* Apesar de as lesões regredirem espontaneamente nas pessoas com resposta imune satisfatória e as recidivas serem menos graves do que a primeira infecção, elas podem continuar transmitindo o vírus do herpes genital.
Fonte:drauziovarella.com.br

Herpes (herpes simples, herpes labial)



O que é?

O herpes é uma infecção causada pelo Herpes simplex virus. O contato com o vírus ocorre geralmente na infância, mas muitas vezes a doença não se manifesta nesta época. O vírus atravessa a pele e, percorrendo um nervo, se instala no organismo de forma latente, até que venha a ser reativado.
A reativação do vírus pode ocorrer devido a diversos fatores desencadeantes, tais como: exposição à luz solar intensa, fadiga física e mental, estresse emocional, febre ou outras infecções que diminuam a resistência orgânica.
Algumas pessoas tem maior possibilidade de apresentar os sintomas do herpes. Outras, mesmo em contato com o vírus, nunca apresentam a doença, pois sua imunidade não permite o seu desenvolvimento.

Manifestações clínicas

As localizações mais frequentes são os lábios e a região genital, mas o herpes pode aparecer em qualquer lugar da pele. Uma vez reativado, o herpes se apresenta da seguinte forma:
  • inicialmente pode haver coceira e ardência no local onde surgirão as lesões.
  • a seguir, formam-se pequenas bolhas agrupadas como num buquê sobre área avermelhada e inchada.
  • as bolhas rompem-se liberando líquido rico em vírus e formando uma ferida. É a fase de maior perigo de transmissão da doença.
  • a ferida começa a secar formando uma crosta que dará início à cicatrização.
  • a duração da doença é de cerca de 5 a 10 dias.

Tratamento

Os seguintes cuidados devem ser tomados durante um surto de herpes:
  • o tratamento deve ser iniciado tão logo comecem os primeiros sintomas, assim o surto deverá ser de menor intensidade e duração;
  • evite furar as vesículas;
  • evite beijar ou falar muito próximo de outras pessoas, principalmente de crianças se a localização for labial;
  • evite relações sexuais se for de localização genital;
  • lave sempre bem as mãos após manipular as feridas pois a virose pode ser transmitida para outros locais de seu próprio corpo, especialmente as mucosas oculares, bucal e genital.
O tratamento deve ser orientado pelo seu médico dermatologista. É ele quem pode determinar os medicamentos mais indicados para o seu caso que, dependendo da intensidade, podem ser de uso local (na forma de cremes ou soluções) ou de uso via oral, na forma de comprimidos.
Quando as recidivas do herpes forem muito frequentes, a imunidade deve ser estimulada para combater o vírus. Os fenômenos desencadeantes devem ser evitados, procurando-se levar uma vida o mais saudável possível.
A eficácia das vacinas contra o herpes são muito discutidas, mostrando bons resultados em alguns pacientes mas nenhum resultado em outros.

 Dr. Roberto Barbosa Lima - Dermatologista
Fonte: dermatologia.net

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

HEPATITE A

O que é hepatite A?

Hepatite A é uma doença contagiosa do fígado resultante de infecção pelo vírus hepatite A. A doença pode variar de gravidade, indo de moderada durante poucas semanas a severa por vários meses. Hepatite A geralmente é contraída quando a pessoa ingere material fecal de pessoa infectada, mesmo em quantidade microscópicas, a partir de objetos, alimentos ou bebidas.

Transmissão da hepatite A

A transmissão da hepatite A geralmente ocorre quando o vírus é ingerido pela boca a partir do contato com objetos, alimentos ou líquidos contaminados por fezes de pessoa infectada. Uma pessoa infectada pode transmitir a hepatite A mesmo não apresentando sintomas. A pessoa pode contrair hepatite A quando:
* Uma pessoa infectada não lava as mãos depois de ir ao banheiro e toca outros objetos ou alimentos.
* Um pai ou enfermeiro não lava as mãos apropriadamente depois de trocar fraldas ou limpar as fezes de uma pessoa infectada.
* Ao realizar certas atividades sexuais, como contato oral-anal com uma pessoa infectada.
* Através de água ou alimentos contaminados, principalmente em áreas onde há condições sanitárias ruins ou má higiene.

Quem teve hepatite A no passado pode sofrer a doença novamente?

Não. Uma vez que a pessoa recobrou da doença ela desenvolve anticorpos que a protegem do vírus para sempre. Porém, a pessoa pode contrair outros tipos de hepatite.

Sintomas da hepatite A

Nem sempre a hepatite A causa sintomas. Adultos têm maior probabilidade de apresentar sintomas do que crianças. Os sintomas da hepatite A podem incluir:
* Febre.
* Fadiga.
* Perda de apetite.
* Náusea.
* Vômito.
* Dor abdominal.
* Urina escura.
* Fezes cor de barro.
* Dor nas articulações.
* Icterícia (cor amarela nos olhos ou pele).

Diagnóstico da hepatite A

O diagnóstico da hepatite A é feito por um médico através dos sintomas e por exame de sangue.

Tratamento da hepatite A

Quase todas as pessoas com hepatite A se recobram completamente sem seqüelas ao fígado, embora elas possam se sentir mal por meses. Entretanto, embora raro, hepatite A pode causar insuficiência hepática e morte.

Não existe tratamento especial para hepatite A. A maioria das pessoas com hepatite A sentirá doente por alguns meses antes de melhorar. Poucas pessoas precisarão ser hospitalizadas. Durante essa época os médicos geralmente recomendam repouso, nutrição adequada e fluidos. Álcool deve ser evitado.

Prevenção e vacina para hepatite A

A melhor forma de prevenção para hepatite A é através da vacinação, a qual é recomendada para todas as crianças. Também pode-se ajudar na prevenção ao lavar as mãos com sabão e água quente após usar o banheiro, trocar fraldas, ou antes de preparar alimentos.

Copacabanarunners.com.br 

DIARRÉIAS I: GENERALIDADES



Dra. Claudia P. M. S. de Oliveira
Dr. Antonio Atílio Laudanna

As diarréias constituem uma das afecções mais comuns em todo o mundo. Afetam pessoas de todas as idades e são uma das principais causas de mortalidade infantil em países em desenvolvimento.


As diarréias são definidas clinicamente pela eliminação de fezes de consistência diminuída ou líquida, com aumento do número de evacuações.
Representam uma resposta inespecífica do intestino a diversas agressões como infecções, infestações parasitárias, auto-imunidade, isquemia, reações a drogas, cirurgias e neoplasias.

Quanto à fisiopatologia podem ser divididas em: osmótica, exsudativa, secretora e motora. A diarréia osmótica resulta da presença de substâncias inabsorvíveis, de alta osmolaridade, que carreiam grande quantidade de água para a luz intestinal, superando a capacidade intestinal de absorção. Intolerância à lactose é um exemplo de diarréia osmótica.

Já na diarréia secretora, como o próprio nome menciona, há grande secreção de fluidos e eletrólitos ativamente para a luz intestinal. Esta secreção aumentada decorre de vários fatores, entre eles, da ação de toxinas que interferem no sistema adenilciclase com estímulo do AMP cíclico (Vibrio cholera, E. coli enteropatogênica), da secreção de hormônios (Vipoma, carcinóide) ou da lesão das vilosidades intestinais (Rotavírus). Exemplo clássico deste tipo de mecanismo fisiopatológico é aquele causado pelo vibrião colérico. 

A diarréia exsudativa decorre da invasão do patógeno na mucosa intestinal (E.coli enteroinvasiva, Salmonella, Shigella e outras) ou agressão imunomediada, com perda da integridade da mucosa, citólise e necrose celular, resultando na exsudação de muco, sangue e células inflamatórias (doenças inflamatórias intestinais).

E por fim, a diarréia motora, que é conseqüente a alterações da motilidade intestinal, a qual está sob influência do sistema nervoso autônomo e central. Doenças que promovem uma hipermotilidade intestinal, como o hipertireoidismo e alguns casos de diabetes, são exemplos que causam diarréia motora; estes temas serão abordados nas próximas publicações.
Quanto à duração, as diarréias podem ser classificadas em agudas quando não ultrapassam 3 semanas e crônicas quando excedem este período.

As formas agudas são mais freqüentes, tendem a ser autolimitadas e cursar de forma benigna. As principais causas de diarréia aguda são as infecciosas: virais (Rotavírus), bacterianas (Shigellas, Salmonellas, cepas patogênicas de E.coli, Vibrio cholera, Yersínia enterocolitítica, entre as principais) e parasitárias (Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, S. stercoralis). A presença de diarréias nas parasitoses é variável, podendo ser episódica, recorrente e em muitos casos ausente.


Nas diarréias agudas de caráter autolimitado, o tratamento se resume na maioria dos casos em hidratação oral. Nas formas disentéricas, em pacientes desnutridos, imunocomprometidos, idosos ou febris, o diagnóstico etiológico se impõe, devendo ser efetuadas coproculturas e parasitológicos para melhor elucidação diagnóstica e adequação terapêutica.

As diarréias crônicas têm como principais causas a doença inflamatória intestinal (RCUI, Doença de CROHN), as parasitoses (Giardíase, Amebíase), as infecções bacterianas (por Yersínia, Campylobacter jejuni, Cryptosporidium), cirurgias prévias (gastrectomia, colecistectomia, ressecção intestinal), neoplasias (linfoma intestinal, adenocarcinoma de cólon, carcinóide), doença celíaca, doença de Whipple, deficiência de dissacaridases, pancreatopatias e colite colágena.
Nas diarréias crônicas, a investigação diagnóstica se impõe, devendo-se incluir, além da anamnese cuidadosa, exame parasitológico de fezes, coprocultura, balanço de gordura nas fezes, teste de D-xilose, dosagem de alfa 1-antitripsina nas fezes para avaliar perda protéica, morfologia do delgado e colonoscopia. Não atribuir apressadamente a diarréia a distúrbios "nervosos" não definidos.

A abordagem diagnóstica deverá obedecer a raciocínio lógico e científico, de acordo com a localização mais provável, alta ou baixa, baseando-se na história clínica. O tratamento será direcionado para a patologia específica, associado a medidas de ordem geral como manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico, combate à desnutrição e eventualmente, se muito necessário, sintomáticos com parcimônia.

Merecem atenção especial as diarréias que acometem pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), lembrando que 70% dos pacientes com SIDA desenvolvem diarréia na evolução da doença, sendo que 50-80% têm como causa infecções ou infestações oportunistas. As principais são aquelas relacionadas ao Cryptosporidium, Microsporidium, Isospora belli, Giardia lamblia, Citomegalovírus (CMV), Herpes simples, M. tuberculosis, M. avium e o próprio HIV. Nestes doentes a abordagem diagnóstica deve ser mais minuciosa, com culturas de fezes, múltiplas biópsias endoscópicas, culturas especiais para determinados patógenos. Quando instituídas medidas terapêuticas precoces, grande parte destes agentes patogênicos são eliminados.

Enfatizamos que tumores vilosos do ceco são particularmente causadores de diarréia, ou mudam o comportamento intestinal quer para diarréia quer para constipação, enquanto que os do cólon esquerdo tendem mais freqüentemente a causar obstipação.

Fonte Revista de Gastroenterologia da Fugesp

LEPTOSPIROSE

A leptospirose é uma doença infecciosa febril, aguda, potencialmente grave, causada por uma bactéria, a Leptospira interrogans. É uma zoonose (doença de animais) que ocorre  no mundo inteiro, exceto nas regiões polares. Em seres humanos, ocorre em pessoas de todas as idades e em ambos os sexos. Na maioria (90%) dos casos de leptospirose a evolução é benigna.

As manifestações iniciais são semelhantes às de outras doenças, como  febre amarela, malária, dengue, hantavirose e hepatites. A presunção do diagnóstico leptospirose é feita com base na história de exposição ao risco (inundações, limpeza de bueiros e fossas, contato com animais de estimação) e na exclusão, através de exames laboratoriais, da  possibilidade de outras doenças. Mesmo que tenham história de risco para leptospirose, pessoas que estiveram em uma área de transmissão de febre amarela e malária, e que apresentem febre, durante ou após a viagem, devem ter essas doenças investigadas. A leptospirose grave, que evolui com icterícia, diminuição do volume urinário e sangramentos é semelhante à forma grave da febre amarela. A diferenciação pode ser feita com facilidade através de exames laboratoriais. A ícterícia é rara nos casos de dengue. Nas hepatites, em geral, quando surge a icterícia a febre desaparece. É importante que a pessoa, quando apresentar-se febril após uma exposição de risco para leptospirose, procure um Serviço de Saúde rapidamente. Não se justifica a utilização generalizada de antibióticos para a população em períodos de epidemias. É mais racional diagnosticar e tratar precocemente os casos suspeitos.
A maioria das pessoas infectadas pela Leptospira interrogans desenvolve manifestações discretas ou não apresenta sintomas da doença. As manifestações da leptospirose, quando ocorrem, em geral aparecem entre 2 e 30 dias após a infecção (período de incubação médio de dez dias).
As manifestações iniciais são febre alta de início súbito, sensação de mal estar, dor de cabeça constante e acentuada, dor muscular intensa, cansaço e calafrios. Dor abdominal, náuseas, vômitos e diarréia são freqüentes, podendo levar à desidratação. É comum que os olhos fiquem acentuadamente avermelhados (hiperemia conjuntival) e alguns doentes podem apresentar tosse e faringite. Após dois ou três dias de aparente melhora, os sintomas podem ressurgir, ainda que menos intensamente. Nesta fase é comum o aparecimento manchas avermelhadas no corpo (exantema) e pode ocorrer meningite, que em geral tem boa evolução. A maioria das pessoas melhora em quatro a sete dias.
Em cerca de 10% dos pacientes, a partir do terceiro dia de doença surge icterícia (olhos amarelados), que caracteriza os casos mais graves. Esses casos são mais comuns (90%) em adultos jovens do sexo masculino, e raros em crianças. Aparecem  manifestações hemorrágicas (equimoses, sangramentos em nariz,  gengivas e pulmões) e pode ocorrer funcionamento inadequado dos rins, o que causa diminuição do volume urinário e, às vezes, anúria total. O doente pode ficar torporoso e em coma. A forma grave da leptospirose é denominada doença de Weil. A evolução para a morte pode ocorrer em cerca de 10% das formas graves.

A confirmação do diagnóstico de leptospirose não tem importância para o tratamento da pessoa doente, mas é fundamental para a adoção de medidas que reduzam o risco de ocorrência de uma epidemia em área urbana. Pode ser feita através de exames sorológicos (microaglutinação pareada, com uma amostra de sangue colhida logo no início da doença e outra duas semanas após), ou do isolamento da bactéria em cultura (que tem maior chance de ser feito durante a primeira semana de doença).

O tratamento é feito fundamentalmente com hidratação. Não deve ser utilizado medicamentes para dor ou para febre que contenham ácido acetil-salicílico, que podem aumentar o risco de sangramentos. Os antiinflamatórios  também não devem ser utilizados pelo risco de efeitos colaterais, como hemorragia digestiva e reações alérgicas. Quando o diagnóstico é feito até o quarto dia de doença, devem ser empregados antibióticos (doxiciclina, penicilinas), uma vez que reduzem as chances de evolução para a forma grave. As pessoas com leptospirose sem icterícia podem ser tratadas no domicílio. As que desenvolvem meningite ou icterícia devem ser internadas. As formas graves da doença necessitam de tratamento intensivo e medidas terapêuticas como diálise peritonial para tratamento da insuficiência renal.

Quando ocorrem inundações, deve ser evitado contato desnecessário com  a água e com a lama. Se a residência for inundada, deve-se desligar a rede de eletricidade para evitar acidentes. O mesmo cuidado deve ser observado após a inundação, antes do início da limpeza domiciliar, que deve ser feita com o uso de calçados e luvas impermeáveis. Em geral, não é necessário o tratamento adicional da água distribuída através de rede, mesmo durante epidemias. Quando há suspeita de contaminação da rede de água, a companhia responsável pela distribuição deve ser notificada. Nessas circunstâncias, a água deve ser tratada com cloro ou fervida. Como a eficácia do cloro pode ser reduzida pela presença de matéria orgânica, quando a água estiver turva a alternativa mais segura antes do consumo é a fervura, durante até um minuto. O mesmos cuidados devem ser adotados quando a água é proveniente de poços.


- O que saber e o que fazer

1. O que é leptospirose?
É uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira presente na urina do rato.
2. Como se pega a leptospirose?
Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama contaminadas poderá se infectar. A Leptospira penetra no corpo pela pele, principalmente se houver algum ferimento ou arranhão. Na época de seca, oferecem riscos à saúde humana o contato com água ou lama de esgoto, lagoas ou rios contaminados e terrenos baldios onde existem ratos. Portanto, deve -se evitar o contato com esses ambientes.
3. Quais os sintomas?
Os sintomas mais freqüentes são parecidos com os de outras doenças, como a gripe. Os principais são: febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas (batata-da-perna), podendo também ocorrer icterícia (coloração amarelada da pele e das mucosas). Um sintoma capaz de diferenciar a leptospirose de outras doenças é a insuportável dor na batata da perna. Muitas vezes, o doente não agüenta ficar de pé.  Nas formas mais graves são necessários cuidados especiais, inclusive internação hospitalar.
4. O que fazer ao manifestar esses sintomas?
Se você apresentar febre, dor de cabeça e dores no corpo, alguns dias depois de ter entrado em contato com as águas de enchente ou esgoto, procure imediatamente o Centro de Saúde mais próximo. Não se esqueça de contar ao médico o seu contato com água ou lama de enchente.
Somente o médico é capaz de diagnosticar e tratar corretamente a doença. A leptospirose é uma doença curável, e o diagnóstico e o tratamento precoces são a melhor solução.
5. Quanto tempo demora para a doença aparecer?
Os primeiros sintomas podem aparecer de um a 30 dias depois do contato com a enchente. Na maior parte dos casos, aparece 7 a 14 dias após o contato.
6. Como é feito o tratamento da leptospirose?
O tratamento é baseado no uso de antibióticos, hidratação e suporte clínico,
orientado sempre por um médico, de acordo com os sintomas apresentados. Os casos leves podem ser tratados em ambulatório, mas os casos graves precisam ser internados.
7. Como evitar a doença?
Evite o contato com água ou lama de enchentes e impeça que crianças nadem ou brinquem em ambientes que possam estar contaminados pela urina dos ratos.
Pessoas que trabalham na limpeza de lamas, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (se isto for possível, usar sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés). Também são necessárias
medidas ligadas ao meio ambiente, tais como o controle de roedores, obras de saneamento básico (abastecimento de água, lixo e esgoto) e melhorias nas habitações humanas.
8. E se o contato com água contaminada for inevitável, como proceder?
Neste caso, a única forma de reduzir riscos à saúde é permanecer o menor tempo possível em contato com essas águas. Se a enchente inundar as residências, após as águas baixarem será necessário lavar e desinfetar o chão, as paredes, os objetos caseiros e as roupas atingidas com água sanitária, na proporção de 4 xícaras de café deste produto para um balde de 20 litros de água. Depois, enxaguar o ambiente e objetos com água limpa. Todo alimento que teve contato com água contaminada deve ser jogado fora, pois pode transmitir doenças.
Também é importante limpar e desinfetar a caixa d’água com uma solução de água sanitária, da seguinte forma:
a) Esvazie e lave a caixa d’água, esfregando bem as paredes e o fundo;
b) Após acabar de limpar, adicionar 1 litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água no reservatório;
c) Depois, abra a entrada principal da água e encha a caixa d’água com água limpa; feche o registro após o enchimento da caixa;
d) Após 30 minutos, abra as torneiras por alguns segundos para que essa água misturada com água sanitária entre na tubulação;
e) Aguarde uma hora e trinta minutos para que se faça a desinfecção;
f) Abra novamente as torneiras, para drenar toda a água. A água que sai pelas torneiras pode servir para a limpeza de chão e paredes.
g) Encha novamente a caixa com água limpa.
O cloro mata a bactéria. Se não for possível armazenar os alimentos protegidos da água, o correto a se fazer é eliminá-los. Frutas em geral, carne, leite, verduras, legumes, arroz, feijão, café, manteiga etc devem ser inutilizados. Alimentos enlatados podem ser lavados, desde que não tenha havido contato da comida com a água.
9. Por quanto tempo a leptospira sobrevive no meio ambiente?
As leptospiras podem sobreviver no ambiente até semanas ou meses, dependendo das condições do ambiente (temperatura, umidade, lama ou águas de superfície). Porém, são bactérias sensíveis aos desinfetantes comuns e a determinadas condições ambientais. Elas são rapidamente mortas por
desinfetantes, como o hipoclorito de sódio, presente na água sanitária, e quando expostas à luz solar direta.
10. É possível determinar se ás águas de córrego, lagoa ou represa estão contaminadas por leptospira?
Pode ser que animais infectados, principalmente ratos, tenham acesso a estas águas, contaminado-as regularmente com leptospiras. Desta forma, é impossível afirmar que estas águas estejam livres da bactéria. Se coletarmos uma amostra
dessa água para análise, o resultado irá representar apenas aquele momento e aquele local. O resultado da análise sendo negativo, não significa que toda a área esteja livre da presença da bactéria. Em caso de dúvida, solicite orientação das
autoridades sanitárias locais indagando sobre a ocorrência de casos humanos da doença nesses locais. Lembrar que nunca deve ser indicado o uso de desinfetantes em grandes coleções de água, pois além de não matarem as bactérias, contaminariam o ambiente e alterariam as condições ecológicas do local.
11. Se o contato com águas suspeitas já ocorreu, qual o risco da pessoa se contaminar?
Nesta situação, a contaminação da pessoa dependerá de alguns fatores, como a concentração de leptospiras na água, o tempo que a pessoa ficou em contato com a água e a possibilidade ou não da penetração da bactéria no corpo humano, entre outros fatores. Deve -se ficar atento por alguns dias e, se a pessoa adoecer, deve procurar o médico o mais breve possível, não esquecendo de relatar ter sido
provavelmente exposto a contrair leptospirose.
12. Quais são as principais medidas para evitar ratos?
·  Manter os alimentos armazenados em vasilhames tampados e à prova de roedores;
·  Acondicionar o lixo em sacos plásticos em locais elevados do solo, colocando-o para coleta pouco antes do lixeiro passar;
·  Caso existam animais no domicílio (cães, gatos e outros), retirar e lavar os vasilhames de alimento do animal todos os dias antes do anoitecer, pois ele também pode ser contaminado pela urina do rato;
·  Manter limpos e desmatados os terrenos baldios;
·  Jamais jogar lixo à beira de córregos, pois além de atrair roedores, o lixo dificulta o escoamento das águas, agravando o problema das enchentes;
·  Grama e mato devem ser mantidos roçados, p ara evitar que sirvam de abrigo para os ratos;
·  Fechar buracos de telhas, paredes e rodapés para evitar o ingresso dos ratos para dentro de sua casa;
·  Manter as caixas d’água, ralos e vasos sanitários fechados com tampas pesadas;
·  Lembre-se: uma vez instalados num determinado local, os ratos começam a se reproduzir, multiplicando-se rapidamente, o que dificulta o seu controle e aumenta o risco de transmitir doenças.
13. Porque o controle de roedores é importante para se diminuir o número de casos de leptospirose?
Porque os ratos são os principais transmissores da doença para o homem. Eliminam as leptospiras pela sua urina, contaminando o ambiente - água, solo e alimentos. Nas cidades, a aglomeração humana associada à alta infestação de ratos (principalmente ratazanas) e à grande quantidade de lixo tornam maior o risco de se pegar leptospirose. Controlar a população de ratos é a melhor forma de combater a doença. O controle de roedores deve ser feito o ano inteiro para
que se obtenha resultados satisfatórios na diminuição de sua população.
14. Outros animais podem pegar a doença? Não há risco de transmissão para o homem por estes animais?
Outros animais são sensíveis à leptospira e podem se infectar, ficarem doentes e até mesmo morrer de leptospirose. Bois , porcos, cães, cavalos e cabras, dentre outros, podem sofrer a doença e também transmiti-la ao homem, porém em menor
escala do que os ratos.
15. Se os animais domésticos também podem transmitir a doença, o que fazer para evitar a contaminação por esta forma?
Os animais domésticos quando são infectados, eliminam a bactéria através da urina assim como acontece com os ratos; portanto, deve-se tomar especiais cuidados, evitando-se o contato direto ou indireto com suas excretas (principalmente a urina, no caso da leptospirose).
Os locais onde os animais permanecem e urinam devem ser higienizados diariamente, utilizando-se luvas e botas para proteção das mãos e pés, evitando o contato com a urina desses animais.
16. Quais são os sintomas da leptospirose nos cães?
Os cães podem se infectar e eliminar a bactéria pela urina, mas nem sempre manifestam sintomas da doença. Estes variam desde falta de apetite, fraqueza, febre, vômitos, diarréia a icterícia e hemorragias, podendo levar o animal à morte. Portanto, sempre que o cão adoecer, deve-se procurar assistência veterinária.
17. Qualquer pessoa pode ter a doença?
Sim, qualquer pessoa pode pegar leptospirose. Tem-se observado que a maior freqüência de casos acontece em indivíduos do sexo masculino, na faixa de 20 a 35 anos, provavelmente pela maior exposição a situações de risco, quer seja em casa, quer seja no trabalho.
18. Uma pessoa com leptospirose transmite a doença para outra pessoa?
Não, a leptospirose não é contagiosa. Não há transmissão de uma pessoa para outra. É transmitida entre os animais e dos animais para o homem, sempre pelo contato da urina do animal com a pele do homem.
19. Existe o risco da pessoa contrair leptospirose bebendo líquido em latinhas de refrigerantes, sucos, cerveja ou água?
Apesar da transmissão ocorrer principalmente pela penetração da leptospira através da pele ou mucosas, já foi descrita pela ingestão de água ou alimentos contaminados com a urina de ratos, ainda que raramente. Se for ingerida, a
leptospira morre ao entrar em contato com o suco gástrico. A possibilidade da pessoa se infectar bebendo em latinhas contaminadas com a urina de ratos é teoricamente possível, se houver uma ferida na boca, que possa permitir a entrada
da leptospira no organismo pela circulação sangüínea. Apesar desse risco teórico, até o momento não foram comprovados casos de transmissão de leptospirose por latinhas de cerveja, refrigerantes ou outras bebidas envasadas. De qualquer
modo, é essencial que se lave bem com água limpa qualquer latinha ou recipiente antes de ser levado à boca, para não se correr o risco de contaminação por algum tipo de bactéria. Este hábito de higienização não deve isentar os comerciantes de verificarem as condições de armazenamento de seus estoques, das condições de acondicionamento de seu lixo e de manter implantado um sistema de controle de roedores em todas suas instalações.
20. Existe vacina contra a leptospirose?
No Brasil não existe nenhuma vacina contra a leptospirose para seres humanos. Existem vacinas somente para uso em animais, como cães, bovinos e suínos. Esses animais devem ser vacinados todos os anos para ficarem livres do risco de
contrair a doença e diminuir o risco de transmiti-la ao homem.
21. Qual é o papel do Ministério da Saúde no controle da leptospirose?
O Ministério da Saúde, por intermédio da Secretaria de Vigilância em Saúde/SVS, elabora normas, coordena, assessora e supervisiona as ações de vigilância e
controle da doença, que são desenvolvidas em todo o país pelas secretarias estaduais e municipais de saúde. Para desenvolver este papel, a SVS elabora e distribui material técnico e educativo, e capacita técnicos de estados e municípios para executarem ações de forma mais efetiva. A SVS também estuda os dados da doença registrados em todo o país, e se mantém vigilante para a ocorrência de casos e surtos de leptospirose, a todo momento.
22. O que os municípios devem fazer para prevenir a ocorrência da leptospirose na população?
Os municípios devem implementar ações integradas com os setores de Obras, Saneamento, Agricultura, Habitação e Educação, de forma a reduzir ou eliminar as condições para a proliferação dos roedores. Além disso, as secretarias estaduais
e municipais de saúde são responsáveis pelo atendimento e tratamento de doentes e pela vigilância de casos de leptospirose em humanos, bem como pelo controle de roedores em vias e logradouros públicos e áreas onde a leptospirose ocorre.
23. O que a população deve fazer para ajudar a prevenir a ocorrência da leptospirose?
A população tem a sua parcela de responsabilidade na prevenção da doença. Ela pode e deve procurar manter o ambiente impróprio para a instalação de roedores,
conforme já foi descrito, e utilizar-se de medidas de proteção individual, quando se expuser a situações de risco.
24. Onde podem ser obtidas mais informações sobre a leptospirose?
Procure a Secretaria Estadual de Saúde, o Centro de Controle de Zoonoses ou a Secretaria Municipal de Saúde de sua cidade.

Leptospirose no Brasil
Casos confirmados, por local de transmissão: 1996 - 2005
Região
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005*
Total
Norte
689
484
584
340
391
142
230
248
202
181
3.491
Nordeste
1.002
847
514
194
1.006
643
598
501
801
600
6.706
Sudeste
3.350
944
1.242
1.102
948
1.188
901
986
1.305
1.029
12.995
Sul
502
863
1.084
782
1.094
1.617
851
1.158
656
838
9.445
Centro-Oeste
36
160
25
15
48
44
38
54
68
49
537
Total
5.579
3.298
3.449
2.433
3.487
3.634
2.618
2.947
3.032
2.697
33.174
Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006.