(Imagens do município de Aracruz, Espírito Santo - Brasil) INFORMAÇÕES SOBRE SINAIS, SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO DE DOENÇAS E AGRAVOS DE INTERESSE DA SAÚDE COLETIVA. NÃO SERÃO FEITAS QUAISQUER TIPOS DE ORIENTAÇÃO QUE SEJAM DE ATRIBUIÇÃO MÉDICA. NÃO É ESTE O OBJETIVO DO BLOG, QUE, NO MOMENTO NÃO DISPÕE DE COLABORADORES HABILITADOS PARA TAL.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
ALGUNS MARCADORES TUMORAIS
CA 15-3
MCA
CA 125
CA 19-9
USO CLÍNICO
Os chamados marcadores tumorais (MT) são substâncias utilizadas como indicadores de malignidade. Na maioria dos casos, são produtos normais do metabolismo celular que apresentam aumento de produção devido à transformação maligna.
Os MT têm auxiliado a clínica nas seguintes situações:
1.Triagem em casos específicos, como em grupos de alto risco, associado a exames complementares;
2.Diagnóstico diferencial;
3.Avaliação de prognóstico;
4.Monitoração de tratamento:
avaliação da resposta terapêutica
detecção precoce de recidiva.
Os MT conhecidos até hoje não são sensíveis o suficiente para serem usados em triagem populacional ou para o estabelecimento de diagnóstico primário de câncer.
CA 15-3
É o MT por excelência do câncer de mama, é o mais sensível e específico sendo superior ao CEA (Antígeno Carcinoembrionário).
O valor de referência é de 30 U/ml.
A sensibilidade varia de acordo com a massa tumoral e estadiamento clínico, sendo de 88% a 96% na doença disseminada (10).
Na fase inicial, apenas 23% dos casos apresentam aumento (8). A grande utilização do CA 15-3 é para o diagnóstico precoce de recidiva, precedendo os sinais clínicos em até 13 meses (9). Recomenda-se a realização de dosagens seriadas de CA 15-3:
pré-tratamento;
2 a 4 semanas após tratamento cirúrgico e/ou início da quimioterapia ;
repetição a cada 3 a 6 meses (11).
A elevação >25% a partir do nível sérico pós-tratamento, indica em 84% dos casos progressão da doença, enquanto a diminuição de pelo menos 50% é observada em 76% dos casos com regressão tumoral comprovada. Variações inferiores a 25% estão presentes na estabilização da doença (8). Em relação ao prognóstico, pacientes com valores pré-operatórios >40 U/ml têm uma probabilidade de 77% de recidiva em 5 anos (12). Apenas 1,3% da população sadia tem CA 15-3 elevado (5). Não há alteração significativa na gravidez ou durante o ciclo menstrual (4). Valores alterados podem ocorrer no câncer de pâncreas, pulmão, fígado, ovário e colo uterino ou, mais raramente, em doenças benignas de mama e hepatopatias.
MCA
O "Mucin-like Carcinoma associated Antigen" - MCA - é também utilizado como MT para o câncer de mama. Tem boa correlação com o CA 15-3, sendo util na avaliação prognóstica e controle terapêutico.
O valor de referência é de 14 U/ml.
Não deve ser usado no diagnóstico de doença locorregional (11). A sensibilidade do MCA é inferior a do CA15-3, sendo de 60% nos casos de doença metastática. Tem boa especificidade, chegando a 87% em alguns estudos (13). Entretanto pode elevar-se discretamente em cerca de 15% dos casos de doenças benignas de mama, porém em concentração inferior aos valores observados nos casos de câncer. Os níveis séricos de MCA elevam-se na gestação, principalmente no terceiro trimestre, em tumores de ovário, colo uterino, endométrio e próstata.
CA 125
O CA 125 é o MT utilizado principalmente como para câncer de ovário, sendo também útil para câncer de endométrio e endometriose.
O valor de referência é de 35 U/ml na maioria dos trabalhos científicos, podendo ser considerado 65 U/ml quando o objetivo é uma maior especificidade.
A sensibilidade para o diagnóstico de câncer de ovário é de 80 a 85% no tipo epitelial variando de acordo com o estadiamento, sendo de 50% no estádio I, 90% no estádio II, 92% e 94% nos estádios III e IV, respectivamente (14).
As principais indicações do CA 125 são:
Diferenciação pré-operatória de massas pélvicas: 82% dos casos malignos têm CA 125 >35 U/ml e 91% com origem não maligna (21). O grau de diferenciação tumoral não influi no nível sérico;
Avaliação prognóstica: valores superiores a 65 U/ml correspondem a apenas 5% de sobrevida em 5 anos (14);
Avaliação do sucesso cirurgico: 95% das pacientes com doença residual têm CA 125 elevado (14). Tumores microscópicos ou com volume até 1 cm que podem coexistir com valores normais;
Monitoração de terapêutica: a sensibilidade para recorrência de doença chega a 95%, podendo preceder as alterações clínicas em média de 6 meses (20).
Muitos estudos têm sido realizados no sentido de utilizar o Ca 125 juntamente com exame pélvico e ultrassonográfico em triagem populacional de câncer de ovário, com boas perspectivas, dada a grande especificidade (15, 16).
O CA 125 pode ser utilizado no seguimento de outras patologias ginecológicas:
a) Endometriose: o grau de elevação do CA 125 varia com a severidade da doença, sendo a positividade de 8%, 19,6%, 44,7% e 86,7% nos estádios I, II, III e IV, respectivamente (14). Os níveis séricos correlacionam-se com o curso clínico da doença, havendo queda significativa após tratamento clínico ou cirúrgico.
b) Câncer de endométrio: há aumento de CA 125 em 22,4% dos casos nos estádios I e II e em 81,8%, nos estádios III e IV (14). A elevação pré-operatória é indicativa de acometimento extra-uterino em 95% dos casos, isto é, pode ser usado como indicador de malignidade em adição aos fatores de risco clássicos: tipo histológico, diferenciação do tumor, invasão miométrio e invasão vascular.
Valores elevados de CA 125 podem ser observados em cerca de 20% das gestantes, predominantemente no primeiro trimestre de gestação (5). Há elevação dos níveis de CA 125 durante o período menstrual, porém só raramente ultrapassam os valores de referência. Tumores de pâncreas, estômago, fígado, cólon, reto, mama e pulmão, teratomas ou cirrose hepática podem elevar o CA 125.
CA 19-9
É indicado como MT do trato gastrointestinal: em câncer de pâncreas e trato biliar como primeira escolha e no colorretal como segunda escolha. O CA 19-9 é um carboidrato relacionado ao grupo sanguíneo Lewis. Cerca de 5% da população é Le (a-b-), ou seja, incapaz de expressar CA 19-9.
O valor de referência é até 37 U/ml.
A sensibilidade é variável com a localização do tumor: pâncreas 70-94%, vesícula biliar 60-79%, hepatocelular 30-50%, gástrico 40-60% e colorretal 30-40%. Em menor frequência também positiva-se em câncer de mama, de pulmão e de cabeça e pescoço. Algumas doenças como cirrose hepática, pancreatite, doença inflamatória intestinal e doenças autoimunes podem elevar o CA 19-9, sem ultrapassar 120 U/ml. Entre doadores de sangue 99% tem CA 19-9 inferior a 37 U/ml. No câncer de pâncreas, o CA 19-9 tem especificidade de 81-94%. É útil no diagnóstico diferencial, avaliação prognóstica e monitoração terapêutica. Diagnóstico diferencial entre câncer de pâncreas e pancreatite: há aumento de CA 19-9 em cerca de 90% dos casos de câncer de pâncreas enquanto nas pancreatites crônicas de 4-10% e nas pancreatites agudas, 23% (24,26). Valores superiores a 120 U/ml são encontrados em 73% dos casos de câncer de pâncreas e apenas em 6% das pancreatites (27). Em estudo comparativo entre CA 19-9, ultrassonografia e tomografia computadorizada considerando-se resultados corretos versus resultados incorretos ou inconclusivos não há diferença estatística entre eles, sobressaindo-se apenas a biópsia por agulha fina guiada por tomografia computadorizada (22). Prognóstico: boa correlação com o estadiamento,sendo que 87% dos Ca irressecáveis têm CA 19-9 >370 U/ml e 35%, >1000 U/ml (1). Monitoração terapêutica: deve ser realizado seriadamente após tratamento cirurgico; em recidiva, eleva-se até 6 meses antes da presença de achados clínicos ou a tomografia computadorizada (2).
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