terça-feira, 30 de novembro de 2010

O agente comunitário de saúde no controle da tuberculose: conhecimentos e percepções

Ethel Leonor Noia Maciel; Rafael da Cruz Araújo Vieira; Eliani Carrara Milani; Mário Brasil; Geisa Fregona; Reynaldo Dietze

Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Brasil

março 2005


RESUMO

Este estudo analisa o conhecimento dos agentes comunitários de saúde no controle da tuberculose e a autopercepção do seu nível de conhecimento e de sua importância no enfrentamento da doença, no Município de Vitória, Espírito Santo, Brasil. Tratou-se de um estudo de corte transversal. Um questionário semi-estruturado, auto-aplicável e pré-testado foi preenchido por 105 agentes comunitários de saúde randomicamente selecionados. A comparação das proporções entre os grupos formados pela estratificação por tempo de serviço foi realizada usando-se o teste qui-quadrado com nível de significância de 5%. A idade média foi de 34,5 (± 9,7) anos. Atuavam há três anos ou menos 66 agentes comunitários de saúde (62,9%). Observou-se que um maior tempo de atividade está relacionado com um aumento do nível de compreensão em torno da doença, bem como das atividades efetivamente realizadas no controle da tuberculose. Contudo, de maneira geral, os conhecimentos e as ações do agente comunitário de saúde mostraram-se muito falhos. Entende-se que com melhorias na educação permanente desses profissionais seria possível uma maior contribuição deles para o aumento da detecção de novos casos na comunidade e para maior adesão dos pacientes ao tratamento.

Atitude do Pessoal de Saúde; Tuberculose; Conhecimento

Introdução

Passada mais de uma década de sua declaração como um problema emergencial de saúde 1, a tuberculose permanece sendo, entre as doenças infecciosas, a principal causa de óbitos entre adultos ao redor do mundo 2. As estimativas mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam o surgimento de 8,8 milhões de novos casos e 1,6 milhão de mortes por tuberculose. Para o Brasil, a cada ano surgirão 111 mil novos casos 3, dos quais 85 mil são notificados ao Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), perfazendo uma taxa de incidência de 47/100 mil habitantes 4. Tendo em vista a situação calamitosa do (des)controle da tuberculose no país, ao longo das décadas anteriores, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), por meio da Resolução nº. 284 de 6 de agosto 1998, definiu a tuberculose como um problema prioritário de saúde no Brasil e estabeleceu diretrizes gerais de ação e metas para o Programa Nacional de Controle de Tuberculose (PNCT) 5.

Seguindo a diretriz do PNCT de "horizontalização" do combate à tuberculose, por meio da expansão de suas atividades para todos os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), todos os planos nacionais e consensos para o controle da tuberculose que se seguiram enfatizaram a sua integração à atenção básica utilizando-se a Estratégia Saúde da Família e, em específico, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), como forma de ampliar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento da tuberculose em todo o Brasil 6.

Desde 1978, ano em que se realizou em Alma Ata, antiga União Soviética, a Conferência Internacional sobre Atenção Primária à Saúde, gerou-se grande expectativa em torno do trabalho dos agentes comunitários de saúde como atores nesta estratégia de extensão de cobertura, sendo declarado explicitamente que "ao nível inicial de contato entre os indivíduos e o sistema de serviços de saúde, os cuidados primários são proporcionados por agentes de saúde da comunidade trabalhando em equipe" (Declaração de Alma Ata, 1979, apud Giffin & Shiraiwa 7, p. 50).

Na Estratégia Saúde da Família, portanto, espera-se que o agente comunitário de saúde assuma um posto muitas vezes central, pois além de residir na comunidade em que atua, mostra-se familiarizado com seus valores, costumes e linguagem, podendo assim produzir uma união entre o uso de tecnologia/conhecimento em saúde e as crenças locais. O agente comunitário de saúde seria, então, um facilitador, capaz de construir pontes entre os serviços de saúde e a comunidade, identificando prontamente seus problemas, atuando no trabalho de prevenção de doenças e promoção da saúde 7,8,9.

No controle da tuberculose, espera-se basicamente que esse profissional seja capaz de identificar na comunidade, por meio de visitas domiciliares, aqueles indivíduos que apresentem tosse por três semanas ou mais (sintomático respiratório) e encaminhá-los aos serviços de saúde para pesquisa de tuberculose (busca ativa). Além disso, que orientem a família e a comunidade, acompanhem a tomada dos medicamentos pelos pacientes (tratamento supervisionado) e organizem reuniões com os membros da comunidade 10.

Apesar de definitivamente incorporado ao controle de tuberculose em diversas partes do mundo, em especial onde o tratamento diretamente observado apresenta alta cobertura 3, pouco se conhece da atuação do agente comunitário de saúde no PNCT de nosso país. Em vista disso, este estudo busca analisar os conhecimentos sobre as ações desenvolvidas pelos agentes comunitários de saúde no controle da tuberculose e a percepção que estes possuem do seu nível de conhecimento e de sua importância no enfrentamento da doença, no Município de Vitória, Espírito Santo.



Metodologia

Tratou-se de um estudo descritivo de corte transversal. A população base foi composta pelos 370 agentes comunitários de saúde atuantes nas 24 Unidades de Saúde da Família do Município de Vitória, em março de 2005. Utilizou-se o programa Epi Info versão 3.3.2 (Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, Estados Unidos) para realizar o cálculo, e para não se arbitrar nenhum valor utilizou-se o valor máximo de prevalência de conhecimento sobre as ações para o controle de tuberculose esperada de 50%, maximizando-se assim o tamanho da amostra esperada, obtendo-se o quantitativo de 107 agentes comunitários de saúde para esta população base.

Como as unidades estão divididas por seis (6) regiões de saúde, foi realizada uma amostragem aleatória por conglomerado. Cada região foi considerada como um conglomerado, sendo sorteadas dentro de cada um as unidades onde foram feitas as entrevistas. Utilizando-se o programa Microsoft Excel (Microsoft Corp., Estados Unidos) foi realizado um sorteio aleatório, levando em consideração o plano amostral de pelo menos uma unidade de saúde por região. Dessa forma, foi escolhida randomicamente a partir da seleção final sete Unidades de Saúde da Família que perfizeram uma total de 125 agentes comunitários de saúde atuantes.

A coleta dos dados foi realizada utilizando-se um questionário semi-estruturado, auto-aplicável e pré-testado fornecido a todos os agentes comunitários de saúde das Unidades de Saúde da Família selecionadas para obter as informações de interesse do estudo. Tal questionário era composto por perguntas fechadas e abertas e foi elaborado com base na cartilha Tuberculose: Informações para Agentes Comunitários de Saúde 11, no Manual Técnico para o Controle da Tuberculose: Cadernos de Atenção Básica 12 e no Controle da Tuberculose: Uma Proposta de Integração Ensino-Serviço 10, que trazem informações básicas para o agente comunitário de saúde sobre a doença e suas atribuições. Para as respostas discursivas, a análise da correção destas deu-se de maneira objetiva, sendo definidas como certas ou erradas conforme a presença ou não de palavras ou expressões-chave, núcleo do conhecimento avaliado. Esse instrumento foi validado em uma unidade de saúde da região de Maruípe com seis agentes comunitários de saúde, e as repostas obtidas não diferiram dos resultados encontrados por este estudo em relação as três categorias nas quais o instrumento foi dividido: (i) conhecimentos do agente comunitário de saúde acerca dos aspectos clínico-epidemiológicos da tuberculose; (ii) informações sobre as atividades realizadas pelo agente comunitário de saúde no controle da tuberculose e (iii) percepção do agente comunitário de saúde quanto ao seu nível de conhecimento e sua importância no controle da tuberculose.

Os dados obtidos por meio dos questionários foram transferidos para a planilha eletrônica Microsoft Excel. As análises estatísticas foram conduzidas no pacote estatístico Stata 9 (Stata Corp., College Station, Estados Unidos). Realizou-se o cálculo da média e desvio-padrão da idade e do tempo de trabalho dos agentes comunitários de saúde e das proporções das demais variáveis. A fim de investigar a influência do tempo de serviço como agente comunitário de saúde sobre as respostas dadas, a amostra foi estratificada de acordo com a mediana em dois grupos: (a) agentes comunitários de saúde com três anos ou menos de serviço e outro (b) com quatro anos ou mais de serviço. Na avaliação comparativa das variáveis estudadas empregou-se o teste de associação do qui-quadrado com significância menor que 0,05.

O projeto foi previamente autorizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Vitória e recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo, de acordo com o que é estabelecido pela Resolução nº. 196. Todos os participantes que aceitaram contribuir com o estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e foi garantido sigilo das informações. Nesse sentido, para manter a confidencialidade do estudo, optou-se por não revelar o nome das unidades selecionadas, uma vez que, todos os agentes comunitários de saúde lotados nestas unidades amostrais concordaram em participar do estudo e responderam ao instrumento.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Em 2005, um grupo de enfermeiros do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Espírito Santo, realizou e publicou um estudo sobre os conhecimentos e a percepção dos ACS do município de Vitória, em relação à tuberculose. Com a devida autorização de um dos participantes do trabalho, a Enfermeira Geisa Fregona, do Centro de Referência em Tuberculose, do Hospital Universitário Cassiano de Morais, estamos postando esse estudo na íntegra aqui no blog, porém dividindo as postagens em módulos para facilitar a leitura sem perder nada do formato original.
Vemos na nossa rotina diária de trabalho no PCT, que a situação descrita no estudo é muito frequente e pouco mudou de 2005 para cá, portanto,esperamos com estes posts, estar contribuindo para um alerta geral em relação a essa realidade que precisa ser mudada. 

Jacira

Pesquisa aponta os estigmas que mais prejudicam a vida de portadores do HIV

Entrevistados acreditam que falta de informação gera preconceito

                                                
No próximo dia 1º de dezembro, será comemorado o Dia Mundial da Luta contra a Aids, simbolizando os esforços contra a doença. Apesar dos avanços importantes no tratamento, um dos principais obstáculos da doença ainda persiste: o preconceito. Foi o que apontou uma pesquisa da Aids Treatment for Life International Survey (Pesquisa sobre Tratamentos de Longo Prazo de Aids, em Âmbito Internacional). O preconceito também é tema da campanha deste ano do Ministério da Saúde.

Para 97% dos brasileiros entrevistados que convivem com Aids, é preciso educar mais a sociedade no que se refere ao HIV. Quase metade (46%) dos entrevistados está muito ou extremamente preocupada com o fato das pessoas saberem que eles estão infectados pelo vírus. Eles temem principalmente a discriminação e os estigma sociais, a impossibilidade de entrar em outros relacionamentos futuramente e a perda de família ou amigos.

O levantamento entrevistou 2.035 pessoas com Aids em 12 países (Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Rússia, Espanha, Reino Unido, Coreia do Sul, Austrália, Brasil, África do Sul e Costa do Marfim). No Brasil, a pesquisa envolveu 201 pessoas com diagnóstico da doença, sendo 61% do sexo masculino e 39% do sexo feminino.

Estigmas que apresentaram maior impacto na vida dos entrevistados brasileiros:

 pessoas com HIV devem ser evitadas (33%);

 pessoas com a doença apresentam comportamento de risco (29%);

 pessoas com contaminadas não vivem muito tempo (24%);

Aids é facilmente transmitida por meio de atividades normais e rotineiras (21%);

pessoas com HIV/Aids parecem diferentes (18%).

Os participantes da pesquisa acreditam que todos os estigmas exigem mais educação das pessoas, especialmente aqueles em relação a repulsa e percepção da facilidade de transmissão da doença em atividades do dia a dia como abraçar, compartilhar alimentos, bebidas, apertar as mãos, beijar ou compartilhar o banheiro com portadores do vírus.


Para Dr. Mauro Schechter, Chefe do Laboratório de Pesquisas em AIDS do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o preconceito exclui e prejudica a autoestima das pessoas com HIV e Aids. "

— Ele pode colocar em risco os planos e a vontade de viver dessas pessoas — afirma.
                        

Fonte: zerohora.clicrbs.com.br

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Carta do Paciente - Direitos e Responsabilidades do Paciente com Tuberculose

 Veja a seguir, a íntegra da "Carta", a primeira no mundo elaborada por pacientes com o objetivo de empoderar a comunidade internacional no enfrentamento da tuberculose.


"A Carta do Paciente explica os Direitos e as Responsabilidades das Pessoas afetadas pela Tuberculose. Ela empodera as pessoas com Tuberculose e suas comunidades através deste conhecimento. Iniciada e elaborada por pacientes de todo o mundo, esta Carta faz da relação com os provedores de serviços de saúde uma relação mutuamente benéfica.

A Carta coloca as maneiras com as quais os pacientes, a comunidade, os provedores de serviços de saúde (tanto privado como público) e os governos, possam trabalhar como parceiros numa relação positiva e aberta com a visão de melhorar o cuidado da tuberculose e a eficácia do processo de cuidado da saúde. Esta Carta permite a todas as partes serem consideradas mais responsáveis umas com as outras, fomentando a interação mútua e uma ‘parceria positiva’.

Tendo sido elaborada conforme os padrões internacionais para o Cuidado de Pacientes com Tuberculose, com a finalidade de promover um enfoque ‘centrado no paciente’, a Carta tem em mente os princípios sobre a saúde e os direitos humanos das Nações Unidas, a UNESCO, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ‘Conselho da Europa’, assim como outras cartas e declarações locais e nacionais.

A Carta do Paciente com Tuberculose põe em prática o princípio da Grande Incorporação de Pessoas com Tuberculose (GIPT). Este princípio afirma que o empoderamento das pessoas com a doença é o catalisador para a colaboração eficaz com os provedores de serviços de saúde e as autoridades, e é essencial para a vitória na luta para conter a tuberculose. A Carta, primeira a nível mundial ‘acionada pelos pacientes’, é uma ferramenta de cooperação, forjada a partir de uma causa comum para toda a comunidade contra a tuberculose.


DIREITOS

1.    Cuidado
•    Direito ao acesso livre e equitativo no cuidado da tuberculose, do diagnóstico até a conclusão do tratamento, independentemente dos recursos econômicos, raça, gênero, idade, idioma, situação jurídica, crenças religiosas, orientação sexual, cultura ou portador de outra doença.


•    Direito de receber assessoria médica e tratamento que cumpra plenamente com os novos Padrões Internacionais para o Cuidado da Tuberculose, centrados nas necessidades dos pacientes, inclusive daqueles com tuberculose multirresistente (TB-MDR), a coinfecção tuberculose e vírus de imunodeficiência humana (HIV), e o tratamento preventivo para os menores de idade e outros considerados de alto risco.


•    Direito de beneficiar-se de uma comunidade encarregada de manter a saúde da população, de receber educação e de participar de campanhas de prevenção como parte dos programas integrais de atenção e cuidado da saúde.

2.    Dignidade
•    Direito de ser tratado com respeito e dignidade, incluindo a prestação dos serviços sem estigma, prejuízo ou discriminação por parte dos provedores de serviços de saúde e das autoridades.


•    Direito aos cuidados da saúde com qualidade num ambiente digno, com apoio moral da família, os amigos e da comunidade em geral.

3.    Informação
•    Direito à informação acerca de que serviços de saúde estão disponíveis para o cuidado da tuberculose e que responsabilidades, compromissos e custos (diretos ou indiretos) estão incluídos.

•    Direito de receber uma descrição oportuna, concisa e clara da doença, com diagnóstico, prognóstico (uma opinião quanto ao curso provável da doença) e o tratamento proposto, com a comunicação dos riscos comuns e as alternativas apropriadas.

•    Direito de conhecer os nomes e as doses de qualquer medicamento ou intervenção a ser prescrita, as ações de rotina, os efeitos colaterais potenciais e sua repercussão possível sobre as outras condições ou tratamentos.


•    Direito ao acesso à informação médica que se relaciona com a condição e o tratamento, e uma cópia do expediente médico se o paciente ou uma pessoa autorizada pelo paciente solicitar.


•    Direito de se reunir, compartilhar experiências com companheiros e outros pacientes e a orientação voluntária em qualquer momento desde o diagnóstico até o término do tratamento.

4.     Escolha
•    Direito a uma segunda opinião médica, com acesso aos expedientes médicos anteriores.


•    Direito de aceitar ou rejeitar as intervenções cirúrgicas se a quimioterapia é possível, e de ser informado das conseqüências médicas e estatutárias dentro do contexto de uma doença transmissível.


•    Direito de escolher se deseja ou não participar em programas de investigação sem comprometer seu tratamento.

5.     Confiança
•    Direito de ter privacidade pessoal, e o respeito à sua dignidade, às crenças religiosas e à cultura.

•    Direito de ter a informação relacionada ao seu expediente médico mantida confidencialmente e liberada a outras autoridades sob consentimento do paciente.

6.     Justiça
•    Direito de fazer uma queixa pelos canais proporcionados a esse propósito pela autoridade sanitária e da queixa ser atendida com justiça e prontidão.

•    Direito de apelar a uma autoridade maior se o direito anterior não for respeitado, e a ser informado por escrito sobre o resultado.

7.     Organização
•    Direito de se unir ou formar organizações de pessoas com ou afetadas pela tuberculose, e buscar o apoio para o desenvolvimento destes clubes e associações comunitárias através dos provedores de saúde, autoridades e a sociedade civil.


•    Direito de participar como ‘interessados diretos’ no desenvolvimento, execução, monitoria e avaliação das políticas de tuberculose e programas com as autoridades de saúde locais, nacionais e internacionais.

8.     Segurança
•    Direito à segurança do trabalho depois do diagnóstico ou a reabilitação apropriada, uma vez terminado o tratamento.


•    Direito à segurança nutricional ou alimentos suplementares se forem necessários para cumprir com os requerimentos do tratamento.

RESPONSABILIDADES

1.     Intercambiar informação
•    Responsabilidade de proporcionar a seu provedor de cuidados médicos toda informação possível sobre seu estado atual de saúde, doenças passadas, alergias e outros detalhes pertinentes.


•    Responsabilidade de proporcionar informação ao provedor de saúde sobre os contatos com sua família imediata, amigos ou outras pessoas que possam estar vulneráveis à tuberculose ou que talvez tenham contraído a doença por esse contato.

2.     Seguir o tratamento
•    Responsabilidade de seguir o plano de tratamento prescrito e concordado, e cumprir conscientemente com as instruções dadas para proteger a saúde do paciente e a de outras pessoas.


•    Responsabilidade de informar a seu provedor de cuidados médicos sobre qualquer dificuldade ou problemas em seguir o tratamento, ou se alguma parte do tratamento não esteja claramente compreensível.

3.     Contribuir à saúde comunitária
•    Responsabilidade de contribuir ao bem estar da comunidade e de alentar a outros de buscar conselho médico se apresentarem os sintomas da tuberculose.


•    Responsabilidade de mostrar consideração pelos direitos dos outros pacientes e provedores de serviços, com a consciência de que as bases da comunidade de tuberculosos são a dignidade e o respeito.

4.     Solidariedade
•    Responsabilidade moral de mostrar solidariedade com os outros pacientes, marchando juntos para a cura.


•    Responsabilidade moral de compartilhar informação e conhecimentos obtidos durante o tratamento, e de compartilhar essa experiência com os demais na comunidade, fazendo da conscientização e empoderamento uma decisão contagiosa.

Ajude a fazer destas palavras uma realidade. Apoie a campanha para sua implementação na comunidade.

Por nossa causa comum, através do respeito mútuo, juntos podemos elevar a qualidade do cuidado os pacientes de tuberculose.

(1). Normas internacionais para o cuidado da tuberculose: http://www.worldcarecouncil.org

(2). A observação Geral da CESCR das Nações Unidas 14 o direito à saúde: http://www.worldcarecouncil.org

- A carta de Ottawa da OMS na promoção da saúde: http://www.worldcarecouncil.org

- O Convênio ‘do Conselho de Europa’ para a Proteção dos Diretos Humanos e a Dignidade/biologia e medicina: http://www.worldcarecouncil.org/

- Os rascunhos da Declaração Universal da UNESCO sobre a Bioética e os Direitos Humanos: http://www.worldcarecouncil.org

Agradecemos à American Thoracic Society (http://www.thoracic.org) e ao Open Society Institute (http://www.soros.org) por seu apoio.

Patients’ Charter for Tuberculosis Care, 2006 World Care Council.©/ Conceil Mundial de Soins.

Edição 2006  

Fundo Global Tuberculose Brasil

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A RESPONSABILIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DA HANSENÍASE


O Brasil vem mantendo uma média de 47 mil novos casos de hanseníase anualmente no último qüinqüênio, com um parâmetro alto de endemicidade, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste Somatório de Casos Novos de Hanseníase e Coeficiente de Detecção Geral (104 hab.), Acumulado por Região, Brasil, 2001–2006 A média mais alta dos coeficientes acumulados por macrorregiões variou de 6,6/10.000 habitantes na Região Norte, 5,8/10.000 habitantes na Região Centro-Oeste e 3,4/10.000 habitantes na Região Nordeste.

Em que se baseia o controle da hanseníase?

Na descoberta dos casos de pacientes já adoecidos, no tratamento regular dos casos diagnosticados
e no exame dos contatos domiciliares desses casos. A ação da Equipe Saúde da Família é fundamental nesse
acompanhamento.

 A hanseníase pode se apresentar de diferentes formas clínicas, que são agrupadas para
fins de tratamento em:
1) paucibacilares (PB): de 1 a 5 lesões de pele (baixa carga de bacilos);

2) multibacilares (MB): > 5 lesões de pele (alta carga de bacilos).

O bacilo de Hansen é altamente infectante, mas poucas pessoas adoecem, porque a maioria apresenta
capacidade de defesa do organismo contra o bacilo.
A principal fonte de infecção é a pessoa doente das formas multibacilares, ainda sem tratamento, que
elimina os bacilos através das vias respiratórias (por secreções nasais, tosses e/ou espirros). Assim, o grau
de endemicidade do meio vai depender da quantidade de fontes de infecção existentes.

O início do tratamento elimina a possibilidade de transmissão da doença a outras pessoas
Os grupos socialmente excluídos são os mais acometidos.

Sabe-se que a moradia é um importante espaço de transmissão da doença. Por isso, recomenda-se o
exame de contato de todo caso novo de hanseníase.
Os doentes paucibacilares não são considerados importantes como fontes de transmissão da doença.

O diagnóstico da hanseníase no início dos sinais e sintomas pode evitar a evolução para as formas
multibacilares

A identificação dos sinais e sintomas da hanseníase e o diagnóstico clínico da doença é uma ação que deve ser realizada em todas as equipes de saúde da Atenção Básica/Saúde da Família.

O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas pode variar de dois a mais de dez anos. As
manifestações decorrentes da afinidade do bacilo para os nervos periféricos podem ocorrer silenciosamente e
podem ser notadas apenas quando começam a incomodar a pessoa no desenvolvimento de suas atividades
diárias. Muitas vezes, são os próprios profissionais de saúde que deixam de perceber os sinais e sintomas cardinais da hanseníase. Por isso, lesões irreversíveis podem se instalar.

Como fazer a suspeição diagnóstica da hanseníase?

A suspeita de hanseníase se baseia na presença de um ou mais sinais ou sintomas relacionados a seguir,
que podem estar localizados principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, nas
costas, nas nádegas e nas pernas.

• Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo.
• Área de pele seca e com falta de suor.
• Área da pele com queda de pêlos, mais especialmente nas sobrancelhas.
• Área da pele com perda ou ausência de sensibilidade (não é sensível ao toque); parestesias (sensação de formigamento) ou diminuição da sensibilidade ao calor, à dor e ao tato. A pessoa se queima ou se machuca sem perceber.
• Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, inchaço de mãos e pés.
• Diminuição da força dos músculos das mãos, dos pés e da face devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos.
• Úlceras de pernas e/ou pés.
• Nódulos (caroços) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos. Alguns casos apresentam doença sistêmica. Eles são mais avançados e muitas vezes o diagnóstico nãoT7é lembrado. Por isso, é importante observar os sinais e os sintomas descritos a seguir. Na hipótese diagnóstica de hanseníase, deve ser feito um bom exameneurológico.
• Febre, edemas e dores nas juntas.
• Entupimento, sangramento e feridas no nariz, além de ressecamento do nariz e dos olhos.
• Mal-estar geral, emagrecimento.

A doença se desenvolve lentamente, mas pode causar reações agudas (febre, caroços no corpo e/ou inchaços), neurites (dor e formigamento nos nervos, dormência, diminuição da força muscular das mãos e dos pés, acarretando prejuízo de movimentos finos, a exemplo do movimento de pinça) e incapacidades físicas, que evoluem para deformidades.
O diagnóstico precoce pode evitar as complicações da hanseníase.

 Como confirmar o diagnóstico?

O diagnóstico da hanseníase é basicamente clínico. O profissional deve atentar para as queixas apresentadas,
por meio do exame de toda a pele, das mucosas e dos olhos, da palpação dos nervos, da avaliação da sensibilidade tátil e térmica e da força muscular dos membros superiores e inferiores. Examine a pessoa com suspeita de hanseníase em um local que tenha privacidade e boa iluminação. Em alguns casos, é necessário solicitar exames complementares em unidades
de referência para a confirmação diagnóstica.

Como tratar a hanseníase?

A proporção de casos curados entre todos os diagnosticados demonstra a efetividade do tratamento e, por tal razão, é o indicador pactuado entre as três esferas do SUS.

Tratamento medicamentoso: a poliquimioterapia (PQT) é o tratamento oficial indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A PQT deve ser administrada na UBS próxima à residência do paciente. O esquema de tratamento depende da forma clínica da doença (paucibacilar ou multibacilar), da idade da pessoa com hanseníase e da sua tolerância ao medicamento.

A PQT tem apresentação em cartelas com cápsulas para uso por via oral. O esquema de tratamento é diário, em casa, e uma vez a cada mês na unidade de saúde, para a dose mensal supervisionada pelo profissional de saúde. Em casos de reações agudas, que podem ocorrer antes, durante e depois do tratamento, outros medicamentos se fazem necessários. Esses casos devem ser encaminhados para as unidades de referência.

Prevenção de incapacidades: a prevenção de incapacidades é uma atividade fundamental durante o tratamento e, em alguns casos, até mesmo após a alta.
Por isso, é importante que a pessoa com hanseníase seja orientada para a realização dos exercícios de prevenção e a prática diária do autocuidado. Essa medida é necessária para se evitar a evolução da doença com seqüelas, tais como: úlceras, perda da força física e deformidades  (mãos em garra, pé caído e/ou cegueira).
Recomenda-se, no mínimo, uma visita domiciliar por mês ao usuário com hanseníase e sua família, estimulando
autocuidados e auto-exame, sendo fundamental o acompanhamento pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) e pelos demais membros da equipe de AB/SF.

Reabilitação: Nos casos mais graves, onde já existem deformidades físicas, o tratamento deve ser complementado com o encaminhamento para os serviços de reabilitação, visando procedimentos cirúrgicos, órteses e prósteses, conforme indicado. O objetivo é favorecer o retorno às atividades da vida diária da pessoa atingida pela hanseníase.

Como atuar na vigilância dos contatos?

O exame dos contatos intradomiciliares (toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido com o doente nos últimos cinco anos), é justificado pelo fato de que elas apresentam um maior risco de adoecimento do que a população em geral.
Na ocasião do diagnóstico de um novo caso, a equipe de saúde da AB/SF deve acolher a pessoa doente, sua família e todos aqueles com quem o doente tem convívio continuo, estimular perguntas, esclarecer dúvidas e ressaltar a importância do apoio ao doente durante o tratamento.

A investigação epidemiológica de todo caso novo deve procurar identificar a fonte de contágio do doente,
descobrir novos casos de hanseníase entre os conviventes no mesmo domicílio e administrar uma dose da vacina BCG, que aumenta a imunidade contra as formas MB. Os contatos da pessoa com hanseníase devem receber informações sobre a doença e a necessidade de ficarem atentos ao aparecimento de novos sinais e sintomas. São atribuições importantes
do ACS, encaminhar contatos intradomiciliares para a avaliação na unidade de saúde e estimulá-los a realizar o auto-exame.

Como organizar a detecção precoce de casos de hanseníase?

A hanseníase está inserida entre as prioridades do Pacto pela Vida. A assistência integral à pessoa com hanseníase requer a organização de equipe multidisciplinar da rede pública de serviços do SUS, da Atenção Básica à média e alta complexidade. Mas a grande maioria dos casos de hanseníase pode ser diagnosticada, tratada e curada na Atenção Básica.

O Programa Nacional de Controle da Hanseníase recomenda que as equipes de saúde da família somem esforços no sentido de levar a informação sobre a doença, importância do diagnóstico precoce e tratamento oportuno e eficaz em todos os cantos do nosso país. A busca ativa em focos de transmissão recente da doença, especialmente diante do diagnóstico em menores de 15 anos, deve ser estimulada. Para que o controle dessa endemia se torne factível é necessário vencer o desafio de fazer chegar à assistência de qualidade, mais perto da população.

Fonte: Informe da Atenção Básica n.º 42

PROJETO BEM VIVER

Hoje, 12 de novembro, aconteceu o segundo encontro de grupo do Projeto Bem Viver.
Desta vez os temas abordados foram Autocuidados e Medicamentos Usados no PCH.
O grupo compartilhou experiências, trocou informações  e expressou dúvidas. Contamos com a participação voluntária  de um ex paciente do PCH que gentilmente aceitou nosso convite para falar sobre a sua própria experiência de superação da hanseniase. A idéia foi mostrar para os que estão vivendo os transtornos causados por situações típicas da doença, que essas dificuldades, embora possam  persistir por um tempo prolongado, são contornáveis e não serão infinitas. E que danos podem ser evitados com  acompanhamento adequado e adoção do hábito  de "se olhar", e "se cuidar" -  como parte da rotina diária de cada um.
Do grupo, coordenado por Anísia Crevelin de Sousa, psicóloga da Atenção Secundária em Saúde, participam a equipe do PCH, formada por médico, enfermeira, assistente social e técnicas de enfermagem, pessoas em tratamento no PCH que vem apresentando episódios reacionais e familiares dessas pessoas.















quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Texto do Ministro José Gomes Temporão sobre a Hanseníase, para os AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE

"O controle da hanseníase ainda nos desafia: não há vacina específica, a doença demora a se manifestar depois que a pessoa é infectada pelo Bacilo de Hansen e os sinais e sintomas iniciais muitas vezes são discretos, sendo notados apenas quando a pessoa começa a ter dificuldade para trabalhar ou executar simples atividades diárias.
Infelizmente, muitas vezes a doença não é diagnosticada no início, mesmo em pessoas que procuraram serviços de saúde. Isso acontece porque nem todos os profissionais estão bem preparados ou poque muitos deles não examinam as pessoas por inteiro, com atenção suficiente para descobrir, por exemplo, uma manchina escondida ou uma área pouco sensível na perna, nas costas ou no pé.
Quanto mais tarde se faz o diagnóstico, mais frequentes são as sequelas da hanseníase, que podem ser graves e incapacitantes. Muitas delas provocam as deformidades que ao longo de séculos contribuiram para gerar tanto medo da doença e preconceito contra os doentes. Essa história precisa mudar.
Quanto mais rápido fizermos o diagnóstico da hanseníase mais fácil será curar as pessoas sem deixar marcas e sem prejudicar sua vidas. Todos nós, profissionais de saúde, podemos ajudar, mas o Agente Comunitário de Saúde, que está diariamente visitando, conversando e cuidando das pessoas de sua comunidade, tem um papel de destaque."

Este texto foi extraído do manual Como Ajudar no Controle da Hanseníase, produzido pelo Ministério da Saúde, em 2008, e direcionado para o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde. Com ótima qualidade gráfica e editorial, o manual deveria ser um instrumento de apoio utilizado na rotina de trabalho da atenção básica, como parceiros no diagnóstico e acompanhamento dos casos de hanseníase. Esperamos por essa realidade o mais breve possivel.

DENGUE

 - Curiosidades
1) O que é dengue?

A dengue é uma doença febril aguda. A pessoa pode adoecer quando o vírus da dengue penetra no organismo, pela picada de um mosquito infectado, o Aedes aegypti.



2) Quanto tempo depois de ser picado aparece a doença?

Se o mosquito estiver infectado, o período de incubação varia de 3 a 15 dias, sendo em média de 5 a 6 dias.



3) Quais são os sintomas da dengue?

Os sintomas mais comuns são febre, dores no corpo, principalmente nas articulações, e dor de cabeça. Também podem aparecer manchas vermelhas pelo corpo e, em alguns casos, sangramentos como petéquias (pontos vermelhos, principalmente na pele), sangramento nasal e gengival, entre outros.



4) O que devo fazer se aparecer alguns desses sintomas?

Procure o serviço de saúde mais próximo.


5) Como é feito o tratamento da dengue?

Não há tratamento específico para o paciente com dengue. O paciente com dengue clássica, o médico deve tratar os sintomas, como as dores de cabeça e no corpo, com analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona). Devem ser evitados os salicilatos, como o AAS e a Aspirina, já que seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. É importante também que o paciente fique em repouso e ingira bastante líquido.

Os pacientes com Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) devem ser observados cuidadosamente para identificação dos primeiros sinais de choque, como a queda de pressão. O período crítico ocorre durante a transição da fase febril para a sem febre, geralmente após o terceiro dia da doença. A pessoa deixa de ter febre e isso leva a uma falsa sensação de melhora, mas em seguida o quadro clínico do paciente piora.

A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) alerta que alguns dos sintomas da dengue só podem ser diagnosticados por um médico.


6) A pessoa que pegar dengue pode morrer?

A dengue, mesmo na forma clássica, é uma doença séria. Caso a pessoa seja portadora de alguma doença crônica, como problemas cardíacos, devem ser tomados cuidados especiais. No entanto, ela é mais grave quando se apresenta na forma hemorrágica. Nesse caso, quando tratada a tempo a pessoa não corre risco de morte.

O quadro clínico da dengue é dinâmico, isto significa que um paciente com dengue clássica pode passar rapidamente para a forma grave (Febre Hemorrágica da Dengue). Ao apresentar qualquer sintoma, procure a unidade de saúde mais próxima.


7) Quais os cuidados para não pegar dengue?

Como é praticamente impossível eliminar o mosquito, é preciso identificar objetos que possam se transformar em criadouros do Aedes. Por exemplo, uma bacia no pátio de uma casa é um risco, porque, com o acúmulo da água da chuva, a fêmea do mosquito poderá depositar os ovos neste local. Então, o único modo é limpar e retirar tudo que possa acumular água. Em 90% dos casos, o foco do mosquito está nas residências.


8) O que devo fazer para evitar o mosquito da dengue?

Para evitar o mosquito da dengue é preciso eliminar os focos do Aedes. A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) preparou uma lista das medidas que as pessoas podem adotar para evitar que o Aedes se reproduza em sua casa.


9) Depois de termos dengue, podemos pegar novamente?

Sim, podemos, mas nunca do mesmo tipo de vírus. Ou seja, a pessoa fica imune contra o tipo de vírus que provocou a doença, mas ela ainda poderá ser contaminada pelos outros tipos conhecidos do vírus da dengue.


10) Quantos tipos de vírus da dengue existem?

São conhecidos quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. No Brasil ainda não foi identificado o sorotipo DENV-4.


11) Posso pegar dengue de uma pessoa doente?

Em hipótese alguma. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento.


12) Existe vacina contra a dengue?

Ainda não, mas a comunidade científica internacional e brasileira está trabalhando firme neste propósito. A vacina contra a dengue é mais complexa que as demais. A dengue, com quatro vírus identificados até o momento, é um desafio para os pesquisadores. Será necessário fazer uma combinação dos quatro sorotipos conhecidos, para que se obtenha uma proteção realmente eficaz contra a doença.


13) Por que essa doença ocorre no Brasil?

É um sério problema de saúde pública em todo o mundo, especialmente nos países tropicais como o nosso, onde as condições do meio ambiente, aliado a características urbanas, favorecem o desenvolvimento e a proliferação do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. Mais de 100 países em todos os continentes, exceto a Europa, registram a presença do mosquito e casos da doença.


14) O Brasil está com uma epidemia de dengue?

Não. No primeiro semestre do ano de 2008 ocorreu uma epidemia na cidade do Rio de Janeiro. Em 2009, até o mês de junho, houve uma redução de 48% nos casos notificados de dengue em comparação com o ano de 2008.


15) O inseticida aplicado para matar o mosquito da dengue funciona mesmo?

Sim, os produtos funcionam. Tanto os larvicidas quanto os inseticidas distribuídos aos estados e municípios pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) têm eficácia comprovada, sendo preconizados por um grupo de especialistas da Organização Mundial da Saúde.

Os larvicidas servem para matar as larvas do Aedes. São aqueles produtos em pó, ou granulado, que o agente de combate a dengue coloca nos ralos, caixas d'água, ou seja, naqueles lugares onde há água parada que não pode ser eliminada.

Já os inseticidas são líquidos espalhados pelas máquinas de nebulização (fumacê), que matam os insetos adultos enquanto estão voando, pela manhã e à tarde, porque o Aedes tem hábitos diurnos. O fumacê não é aplicado indiscriminadamente, sendo utilizado somente quando existe a transmissão da doença em surtos ou epidemias. Desse modo, a nebulização pode ser considerada um recurso extremo, porque é utilizada num momento de alta transmissão, quando as ações preventivas de combate à dengue falharam ou não foram adotadas.

Algumas vezes, os mosquitos e larvas desenvolvem resistência aos produtos. Sempre que isso é detectado, o produto é imediatamente substituído por outro.